7.5.06

Imobilidade

Às vezes tudo pode ser tão decepcionante que resulta em estagnação.

16.1.06

(E)ternamente Joaquina

A inutilidade das minhas palavras so' nao é maior que a necessidade de escreve-las aqui.
Voce nao podera' le-las, como nao podia antes, eu sei, mas se eu pudesse pediria desculpas por tudo o que eu nao disse, pelos telefonemas que nao dei, pela minha insensibilidade diante da sua necessidade de carinho, mesmo que a forma de busca-lo fosse, às vezes, sufocante.
Torturo-me com certeza de que ouvir as suas queixas era tao pouco e eu nao fiz.
Me perdoa, minha querida. Eu sei que nunca mais alguém vai ser para mim o que voce é e sera', apesar desse 13 de janeiro de 2006.
Eu nao pensei que fosse me sentir tao mal assim. Nao soube dimensionar suficientemente a sua importancia enquanto havia tempo, ou melhor, saber eu sabia, mas nao demonstrei com as açoes, as mesmas açoes que eu pretendo ter das outras pessoas.
Nao vou ver mais o seu sorriso, entrando em casa sempre com um presente, um doce de coco, um abraço de verdade. A pressa de abrir tudo e mostrar, ou traduzindo, a pressa de dar alegria e receber carinho. O leite condensado em Lisboa, os infaliveis cartoes, o cuidado com a mamae, a proteçao, o panetone da tradiçao, a certeza de que voce estava ali e que tudo ficaria bem.

Me desculpa, por favor. Desculpe-me por ter economizado em palavras e açoes que lhe mostrassem o quanto eu gostava de voce. Nao foi falta de amor ou amizade. Foi so' a minha estupidez. Me perdoa.
Por todo o tempo que eu viver lhe serei grata por tanto amor, tanta generosidade e por essa liçao final.
Nao sei se voce sabia do que estava acontecendo e fez uma escolha. Isso a gente nao vai saber nunca. Prefiro pensar que sim e que foi a escolha certa, aquela que a sua intuiçao ditou.
Quando eu voltar para casa vou lhe encontrar em cada comodo, eu sei. O seu carinho esta' espalhado, derramado pela casa e, mesmo sendo grata, nao lhe dei a alegria de me ouvir dizendo as mesmas coisas que escrevo agora, quando ja nao faz nenhuma diferença.
Eu vou lhe guardar, juro. Nao vou esquecer.
Adeus, até ja', até sempre, nao sei. Nao sei. Se ha algo de eterno em nos, é o amor que a gente consegue plantar em um coraçao. No meu voce plantou e talvez nao tenha colhido como merecia, porque tudo o que eu possa ter feito ou dito a voce, nao tera' sido suficiente. Mas voce vai viver em mim e em nos, até a gente se encontrar de novo em algum lugar, que eu gostaria tanto que existisse.

Até la' fica essa saudade, essa dor no peito, esse nunca mais que nao sai da cabeça. Com o tempo a gente se acalma, eu sei. Agora é a vez dele.
Um beijo, um abraço daqueles que voce sabia dar e o meu muito obrigada por tudo.

11.1.06

Revelaçoes de uma Gueixa

Assisti ao filme Memorias de uma Gueixa e gostei. Belissima fotografia, um Japao que atrai pela estética, pelas cores, pelos segredos e cultura, boas e belas atrizes, bons dialogos, enfim, um filme visualmente bonito, ainda que nao desvende realmente os mistérios de uma gueixa ou aprofunde o assunto. De todo modo nao é um documentario.

A narradora, em dado momento, diz mais ou menos assim: "o coraçao morre aos poucos...quando nao tem mais esperança, quando nada parece poder mudar...". Outras frases interessantes chamaram a minha atençao, mas essa tem a ver com algumas coisas que ando pensando ultimamente.

Acho que independente da ordem, do numero ou até mesmo das razoes dos nossos problemas, eles somente passam a ser obstaculos intransponiveis, quando a gente nao acredita numa soluçao. Quando os fatos parecem vencer todos os seus argumentos e teorias e voce pensa que nada do que faça vai mudar aquela situaçao, perde a motivaçao, o interesse, a vontade de seguir.

Fiquei com vontade de ler o livro que originou o filme.

5.1.06

Fudido é sempre fudido

Obra do mestre

Oscar Niemeyer, que anteontem alcançou mais uma glória ao ter seu traço, animado, servindo de abertura para a minissérie “JK”, tem uma de suas obras mais curiosas à venda na galeria de Ana Maria Niemeyer, na Gávea. Trata-se de uma serigrafia, dentro do espírito comunista do arquiteto, com a figura de um gigante oprimindo um homem menor. A graça está na frase que define a cena: “Fudido não tem vez”. Custa R$ 800. Fudido não compra.
(O texto acima é uma nota da coluna Gente Boa, jornal O Globo, de 5/01/06 e, na minha modestissima opiniao, resume muito bem o estado geral das coisas)