25.12.08

Natal

Esse Natal está sendo muito particular. Não estou alegre e nem triste. Sinto uma espécie de vazio, como se fosse uma terra que se prepara para ser plantada e descansa enquanto isso. Não há flores ou árvores frutíferas nesse momento. Só a terra nua, se refazendo na esperança de renascer e ficar outra vez cheia de flores e frutos, de preferência mais reais que sonhados.
Sinto uma enorme saudade de pessoas que nunca mais vou ver. Saudade também daquele tempo bom da infância, quando a gente aprende a ter esperança através da figura do bom velhinho, que trará ou não os presentes tão sonhados, dependendo do nosso bom ou mau comportamento.
O tempo passa, a gente deixa de acreditar no Papai Noel, mas não deixa de ter esperança. A esperança é prima-irmã do instinto de sobrevivência.
Há certas emoçôes que a gente só pode conhecer, se puder vivê-las na primeira pessoa. É possível imaginar, mas saber a gente só sabe quando experimenta na própria pele.
Fiz um pedido para Papai Noel e sigo confiante que ele vai me ouvir. Não porque eu tenha me comportado bem, mas porque ele tem bom coração.

18.12.08

Não tenho um caminho novo. O que eu tenho é um novo jeito de caminhar.

A frase do título é de Thiago de Mello e tem a ver com o que ando pensando.
Há tanto tempo não escrevo nada aqui. Desde outubro a vida entrou numa espécie de turbilhão e a tristeza de um dia é a alegria de outro.
Às vezes a gente passa um tempo como se estivesse parada, com a vida parada, com os sentimentos parados, os pensamentos parados. Tudo parado, deixando a vida escorrer e ir embora, vendo sem ver.
De repente a vida se ofende e bagunça tudo e vem uma coisa atrás da outra. Os olhos se abrem e o que estava parado se movimenta. Algumas coisas mudam inevitavelmente. Outras se firmam.
Ultimamente ando me sentindo como quando era menina e levava caldo das ondas em Copacabana. Como naquela época, para cada caldo, um levantar.
Tenho estado atenta aos pequenos milagres diários, esses que a gente passa por cima e nem nota, exceto quando leva um caldo da onda da vida, daqueles que deixam o sujeito tonto.
Sinto uma presença divina na minha vida, que me faz ver sempre a verdade e, mesmo quando me dá sustos, me dá força e um final feliz. Sou tão grata por tudo isso.
Tenho encontrado pessoas tão maravilhosas que nem sei. Nem todas as pessoas tem sido maravilhosas, mas aquelas que o são me dão um alento tão grande, que até esqueço as outras.
Hoje me sinto feliz por algo que nunca podia imaginar e sinto tanta alegria por estar viva e conseguir perceber essas belezas, por aprender essas lições, por receber tanto carinho.
Deus é muito melhor do que eu pensava e tenho visto isso ultimamente. Para mim ele continua agnóstico ou está em todas as religiões, não sei. Sei que ele está em cada ser humano que o cultiva de verdade e isso não tem nada a ver com religião.
Todas as situações difíceis que vivi recentemente resultaram numa grande alegria, numa espécie de libertação, como se os meus olhos estivessem fechados e se abrissem de repente para ver o que sempre esteve ali, diante deles.
A vida é um mistério.