25.12.09

Tarot do dia (Personare). Tudo a ver.


Buscando sentidos

O arcano XXI, chamado “O Mundo”, emerge como arcano conselheiro do Tarot neste momento específico. Peguemos o sentido da palavra: “mundo” é uma palavra latina que significa, literalmente, “limpo”. A idéia central de sugestão para este seu momento envolve o conceito de purificação da alma. Existem questões mal resolvidas ou relacionamentos mal concluídos que você precisa “limpar”? Que tal tentar ver as coisas que já lhe aconteceram a partir de um ponto de vista mais amplo, mais espiritual? Nesta específica fase da sua vida, você possui a amplitude de perspectiva suficiente para criar novas morais para as suas histórias. Faça isso e estimule os outros a verem as coisas sob um viés mais amplo. Neste momento, é como se você estivesse no alto de uma montanha, vendo tudo do alto. Isso dá ao mesmo tempo uma sensação de conforto e de inteligência. Use isto a seu favor e daqueles que lhe rodeiam.

Porque é Natal

Pequena Parcela (Chico Xavier)

Que eu continue a acreditar no outro, mesmo sabendo de alguns valores tão estranhos que permeiam o mundo.
Que eu continue otimista, mesmo sabendo que o futuro nem sempre será tão alegre.
Que eu continue com vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, uma lição difícil de ser aprendida.
Que eu permaneça com a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles vão indo embora de nossas vidas.
Que eu realimente sempre a vontade de ajudar as pessoas, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, sentir, entender ou utilizar esta ajuda.
Que eu mantenha meu equilíbrio, mesmo sabendo que os desafios são inúmeros ao longo do caminho.
Que eu exteriorize a vontade de amar, entendendo que amor não é sentimento de posse, é sentimento de doação.
Que eu sustente a luz e o brilho no olhar, mesmo sabendo que muitas coisas que vejo no mundo, escurecem meus olhos.
Que eu retroalimente a minha garra, mesmo sabendo que a derrota e a perda são ingredientes tão fortes quanto o sucesso e a alegria.
Que eu atenda sempre mais à minha intuição, que sinaliza o que de mais autêntico possuo.
Que eu pratique sempre mais o sentimento de justiça, mesmo em meio à turbulência dos interesses.
Que eu não perca o meu forte abraço e o distribuía sempre; que eu perpetue a beleza e o brilho de ver, mesmo sabendo que as lágrimas também brotam dos meus olhos.
Que eu manifeste o amor por minha família, mesmo sabendo que ela, muitas vezes, me exige muito para manter sua harmonia.
Que eu acalente a vontade de ser grande, mesmo sabendo que minha parcela de contribuição no mundo é pequena.
E, acima de tudo...
Que eu lembre sempre que todos nós fazemos parte desta maravilhosa teia chamada Vida, criada por Alguém bem superior a todos nós.
E que as grandes mudanças não ocorrem por grandes feitos de alguns e sim nas pequenas parcelas cotidianas de todos nós.

21.12.09

Fernando Pessoa

“Olhando o mar, sonho sem ter de quê. Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.”

13.12.09

Van Helmont

« Le désir se réalise dans l'idée, laquelle n'est pas une idée vaine, mais une idée-force, une idée qui réalise l'enchantement ».

A difícil vida do telespectador

Às vezes, por força das circunstâncias, uma criatura vê-se diante da programação televisiva, digamos por uma semana, e se pergunta: será preguiça, incapacidade, burrice ou haverá uma conspiração gigantesca, por trás da maioria dos programas exibidos na chamada tv aberta, cujo objetivo é tornar as pessoas "idiotizadas"?

Evidentemente as emissoras têm interesses comerciais, políticos e até “religiosos” em alguns casos, mas não daria para elevar minimamente o padrão?

Falem o que quiserem falar (e muito do que se fala é verdade), mas a Rede Globo ao menos tem o cuidado de oferecer produções de qualidade, onde se percebe mãos e cabeças profissionais por trás daquilo que se vê.
Do jornalismo (falo da forma e não do conteúdo, necessariamente) às novelas, passando pelas minisséries, alguns programas de humor e de entretenimento em geral, o padrão globo de qualidade tem sido merecidamente premiado no Brasil e no exterior. Isso é o mínimo que se deveria esperar de grupos que ganharam uma concessão de tv(outorgadas e renovadas sem debate público)e que deveriam dar uma contrapartida.
As outras, lamentavelmente, nem isso oferecem. Disputam o segundo lugar nivelando sempre por baixo.

Senão vejamos. Nas manhãs (depois dos jornais que, invariavelmente, falam das mesmas tragédias) as opções se dividem entre: Mais Você, Hoje em Dia, Manhã Maior, Dia a Dia e um programa voltado para o público infantil (já somos idiotizados desde pequenos) no SBT.

A CNT é melhor pular, porque, com exceção da Salete Lemos (que fala numa cadência bem chatinha, mas é uma boa âncora) no jornal, não produz nada e tudo o que se vê são horários usados por pastores, missionários, profetas e salvadores em geral.
No Rio é exibido também um programa vespertino chamado Notícias e Mais (que é o fim da picada, com o "crítico" e fofoqueiro Leão Lobo, que não consegue dar uma única "notícia" que não tenha já sido divulgada e ainda usa o bordão "dignidade já". Pois é...) que parece aquele jogo dos 7 erros. É tão rusticozinho, tão mal feitinho que dá dó.
No mesmo programa há uma apresentadora sobre a qual tudo o que poso dizer é: sem comentários e um cara bizarro chamado Rony Curvelo, figura que eu pessoalmente desconhecia, mas cujo modo de falar me lembrava muito o Collor.
Agora, procurando alguma informação sobre o tal Rony no Google, vejo que ele é ex-assessor do dito cujo. Enfim, o programa é tão ridículo que poderia ser classificado como sendo de humor desde que se esclarecesse que é humor de baixissima qualidade.

Voltando para as manhãs, excetuando o Mais Você que tem uma produção excelente e uma apresentadora que, na minha opinião, tem algumas qualidades especiais (deixa os entrevistados falarem, passa verdade e sinceridade nas suas colocações, tem total sintonia com a sua equipe - é só lembrar que na época em que perdeu os cabelos, parte da equipe raspou a cabeça....e não acho que tenha sido por puxa-saquismo), não há nada que se salve. Além disso até o merchandising não é aquela coisa agressiva e chata. Claro que ajuda o fato de se estar numa Rede Globo, pois não é preciso ficar passando o chapéu a cada 3 minutos.
Sim, eu sou tendenciosa. Quando gosto, foco nas qualidades e por isso não tenho nenhuma crítica maior à Ana Maria e ao seu programa. Pode haver um vacilo aqui (particularmente não gosto tanto quando ela se deslumbra um pouco nas entrevistas com “artistas”)outro ali, mas ainda assim admiro muito a Ana Maria Braga como condutora e apresentadora e tenho a impressão de estar diante de uma pessoa e não de um personagem.

O concorrente da Record parece focar em um público tatibitati, pois tudo é para “daqui a pouco”, todo assunto a ser tratado “daqui a pouco” será polêmico (detalhe: os apresentadores têm o hábito de falar e esfregar as mãos e os olhinhos arregalados, “indicando” um certo suspense).
No lugar de uma modelo chata entrou outra meio perdidinha. O cara que dá receitas deve pensar que quem o assiste é, além de burro, surdo ou muito esquecido, pois repete no mínimo 3 vezes cada ingrediente e o passo a passo das nem um pouco originais receitas que apresenta. É muito chato o tal Edu Guedes. Faz um gênero certinho, mas o que eu mais acho certo em um profissional é o preparo e penso que ele não o tem, seja como apresentador, seja como cozinheiro.

Na Band o programa Dia a Dia é apresentado por um tal de Daniel Borg, que deve ter muito boas relações na empresa, pois de outro modo não se justificaria a sua permanência no programa que já mudou de formato várias vezes. Até que agora ele diminuiu o ímpeto de tratar os telespectadores como crianças, falando daquele jeito antigo que os animadores de festas infantis usavam.
Ao seu lado o trator Silvia Popovic, que passa meia hora dizendo o que o entrevistado dirá e, na hora em que o entrevistado deveria falar, ela diz: rapidamente, conte a sua história. Não sei por que ainda convida pessoas para o programa. Podia falar sozinha o tempo todo e pronto.

Na Rede TV somos presenteados com o Manhã Maior, que é muito maior do que deveria ser, em termos de tempo, claro. A apresentação é dividida entre uma insípida Keila Lima - que tem a mesma não-expressão, falando de qualquer assunto -, um cidadão chamado Arthur Veríssimo, que é até simpático, mas deveria ter continuado a fazer aquelas matérias na Índia e coisas do gênero e, por fim, a mulher do dono da empresa, Daniela Albuquerque que provavelmente teria dificuldades em apresentar um programa, não fosse esse qualificativo posto de primeira-dama.
Aliás, isso é uma prática na rede tv, como confirmam Luciana Gimenez e uma tal de Faa Morena (???), que vem a ser a ex do dono majoritário da emissora, segundo informa o Google. Enfim, tudo em família e o telespectador que se dane.

No horário vespertino a coisa não melhora muito. A Record tentou emplacar um chato de galocha chamado Geraldo. Não sei de onde veio essa figura, mas na falta de talento que ao menos o cara fosse bonitinho, como se exige das mulheres. Nem uma coisa, nem outra.
Na Band tem a Márcia Goldsmith. O programa é chato, mas ela até que é simpática e diz umas coisas interessantes. Parece o caso de alguém que poderia ser melhor explorado, mas que serve aos imperativos da audiência.

Na Rede TV o programa A Casa é Sua é a cara da sua apresentadora: morde e sopra. Os repórteres também combinam com a Sonia Abrão, sendo que um deles, chamado Tony Castro, não acerta uma.
Se alguém discorda, que me mostre uma única matéria em que ele não esteja com aquela mão fazendo círculos, dizendo um “que” que nunca termina, não use aquele tom monocórdio, repetindo as frases (ligadas pelo tal “que”) e deixando no ar a pergunta que não quer calar: será que o salário dele é compatível com o nível do seu trabalho?
A Sonia Abrão reclamou dia desses que a sua roda da fofoca vem sendo imitada. Jura que ela acha que descobriu a roda?
Mostre-me alguma coisa original na TV e eu me calo. O Chacrinha já dizia que na TV nada se cria, tudo se copia, mas há pessoas que direcionam todo o seu poder de crítica para fora e esquecem de olhar para o próprio umbigo.

Até a TV Brasil (antiga TV E) decepciona ao desperdiçar um formato legal como o do Sem Censura. Esse programa existe há séculos e não é daquele tipo de programa que depende exclusivamente de quem o apresenta. A fórmula é interessante: assuntos variados, debatedores inteligentes e a participação direta do público.
Tudo isso foi acabando ao longo dos anos, desde que o programa foi entregue à Leda Nagle. Foi indo, foi indo e ela conseguiu eliminar os debatedores, diminuir drasticamente a participação do público e recentemente deu uma guinada radical no formato do programa, se não me engano às sextas-feiras, quando entrevista algum “artista” (tudo o que ela sempre quis fazer na vida, como se sabe). Duas horas ouvindo alguém contar pela enésima vez como começou, os percalços pelos quais passou, o seu processo criativo (muito importante!!)e a jogação de confete dispensável e enjoativa.
Entrevistar não é uma coisa fácil, se a proposta for fazer bem feito. Para fazer aquelas perguntas óbvias, que servem mais para levantar a bola do entrevistado do que para lhe traçar um perfil, aí qualquer barnabé pode fazê-lo.
Na televisão há poucos bons entrevistadores e a Leda Nagle não é, sempre na minha modestíssima opinião, um deles.
Outra coisa que se confunde, no caso dela, é ter o comando do programa e fazer o papel daquela professora chata que ganha no grito.
Em geral é possível ver a apresentadora babando com qualquer “celebridade” (essa palavra perdeu totalmente o sentido que já teve um dia) global, amigos ou amigos dos amigos em detrimento dos outros convidados (ou seria melhor dizer figurantes) que vão lá resumir em 5 minutos o assunto interessante que teriam para expor, mas que perdem sempre para o fulando que está divulgando a sua peça, filme, etc.
Claro que há um ou outro que se pode chamar de artista realmente (em geral alguém que também é simpático, pois essa costuma ser uma marca das pessoas seguras do próprio talento), mas para a entrevista render e sair da mesmice da rasgação de seda, seria preciso haver um bom entrevistador, com alma de jornalista mesmo, do tipo que tem curiosidade pelo que não sabe, em vez de ficar repetindo aquilo que já se sabe de cor e salteado.

Confesso que fico mesmo irritada ao ver a grosseria da apresentadora ao menor deslize da produção, de um câmera ou mesmo de algum pobre convidado que tem a tola idéia de divulgar um site ou telefone, por exemplo, como se a premissa básica para alguém ir até ali não fosse a de divulgar alguma coisa.
No estilo trator, a apresentadora, com sua voz de pato rouco, - que deve se considerar uma sumidade (mas não é, vale a pena lembrar) – chama de incompetentes os membros da equipe da qual ela é só uma parte.

Agora eu pergunto: numa emissora educativa, não seria mais coerente e enriquecedor ouvir um médico explicar um novo tratamento ou um pesquisador falar de algum avanço do qual o grande público ainda não tem conhecimento ou qualquer outra coisa que, efetivamente, fosse de interesse público em vez de ouvirmos a milésima entrevista de um ator, cantora ou celebridade moderna? Por que a pauta desse programa deve se submeter à vontade da apresentadora, se a mesma mostra limitações no seu interesse?
Antes de Leda Nagle lembro de Gilse Campos, Elizabete Camarão, Lucia Leme, Liliana Rodrigues, a excelente Kátia Chalita e até Márcia Peltier, que não é um must, mas mostrava mais estofo.
Pode parecer uma simples implicância, mas é mais que isso. Acho que no Brasil (e não só aqui) a gente lucraria muito se estabelecesse uma real meritocracia. Na política, na Tv, nos jornais e revistas, nos órgãos públicos, nos hospitais, enfim, se os profissionais exercessem suas funções e tivessem cargos baseados apenas no mérito, a gente só teria a ganhar.
Possivelmente alguém que goste de uma das pessoas que critiquei pensará que estou só destilando veneno, mas não é isso.
Queria comentar essas coisas e fi-lo. Sou de uma geração altamente televisiva e gostava de ver TV, mas confesso que está ficando difícil. É uma pena que um veículo com tantas potencialidades seja tão subutilizado no que se refere à qualidade.
Não acho que o argumento de que é isso que o público gosta de ver seja de todo verdadeiro. A explicação deve estar muito mais próxima da preguiça e da conveniência.

8.11.09

"Na vida quem perde o telhado ganha as estrelas."

""Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz..."

10.10.09

Frases

"Aquele que pergunta é considerado ignorante por cinco minutos;
aquele que não pergunta permanece ignorante para sempre."
Provérbio chinês

"Um homem sábio cria mais oportunidades do que encontra."
Francis Bacon

“Infelicidade é uma questão de prefixo.” Guimarães Rosa

"Crianças são as mensagens vivas que nós enviamos a um tempo que não veremos."
John W. Whitehead

Pérolas

Recebi um daqueles e-mails que dão conta dos erros (ou seriam pérolas) encontrados em provas feitas por estudantes de todo o país. Não sei se é verdade ou se inventam essas coisas, mas é divertidíssimo. As minhas preferidas estão em destaque.

- Mozart morreu jovem. Sua maior obra é a trilha do filme "Amadeus".

- Virtuoso no piano é um músico com muita moral.

- Os maiores compositores do Romantismo são: Chopin, Schubert e Tchaikovsky. No Brasil temos Roberto Carlos e Daniel.
- O Bolero de Ravel foi composto pelo Ravel.

- A harpa é um piano pelado.

- Eu sei o que é um sexteto, mas não sei dizer.

- “Carmen" é uma ópera e "CARMINHA Burana" é sua filha.

- Cage inventou os 4 minutos de silêncio.

- Há uma espécie de Corais feitas por Bach, que se chamam Florais e são usados como remédios milagrosos.

-"Messias" é uma missa de Handel cuja originalidade é ter muitos aleluias.

- "As 4 Estações" é o CD mais vendido da banda do Vivaldi, depois que fez sucesso num comercial de sabonete, que não me lembro o nome agora.


- As Fugas de Bach são famosas porque ele não queria ficar preso em nenhum sistema.

- A importância de "Tristão e Isolda" reside no fato de que é uma música muito triste. Mais triste que a "Tristesse" de Chopin.

- Muitos pesquisadores concordam que a Música Medieval foi escrita no passado.

4.10.09

Rio 2016



Tomara que os políticos e os organizadores do evento queiram entrar pela porta da frente da história dessa nossa cidade maravilhosa.
Desejo igualmente que nós, cariocas, aproveitemos essa oportunidade para dar uma virada que faça jus à toda a beleza com que fomos premiados.

Refletindo sobre a humildade (quella vera)

"Cada um não é para si, cada um é para o outro, e ser totalmente para o outro, como se diz de Cristo, é esvaziar-se. Na medida em que eu me esvazio do meu egocentrismo e do super-ego, torno-me e encontro o meu eu (ego) mais profundo. Esta humildade, em vez de me despersonalizar faz-me encontrar quem sou, é vir ao meu eu mais profundo, deitando abaixo as imensas capas de aparências e de falsos egos que me dão seguranças exteriores. Então a humildade está no exercício de passar dos falsos eus ao verdadeiro Eu."

"Quem ama esvazia-se do seu ego para se sintonizar com o ego do outro. Isto é uma exigência do amor, do bem, e esta é que é a humildade no sentido positivo, o esvaziar-me do meu eu para me pôr ao nível dos filhos e os compreender, para me pôr ao nível da pessoa amada e comunicar com ela."

"Humildade vem de húmus, terra fértil, que não é nada mas pode ser tudo."

"A humildade mal entendida, como as falsas humildades ou as aparências de humildade, é mentira. "Faz-te muito pequenino", "coitadinho de mim, não valho nada", "não contem comigo, que eu não sou capaz", isto não é humildade, é fishing for compliments, à procura que os outros digam: "Não, tu até és bom!", ficando à espera de umas palmadas nas costas. É mentira! E a humildade é caminhar na verdade."

"Ab negare é negar o egocentrismo. Sublinhemos, não é negar o ego, é negar o egocentrismo."

"Humildade é a virtude que corrige a tentação natural do orgulho e da soberba. A consciência do próprio valor não é má, só o é quando se desvirtua. E é normal e bom que eu queira cada vez mais ser eu próprio, mais realizado. Agora, se isso não é feito como um caminho de verdade, então já não é a afirmação correcta de si, é afirmar-se à custa dos outros, é a prepotência sobre os outros, é a soberba e a falta de humildade, é o fazer-me mais do que sou. Mas também é falta de humildade o fazer-me menos do que sou. São as falsas humildades."

"Para sermos humildes necessitamos de um conjunto de valores que nos dão fortaleza interior, porque a sociedade nos impõe modelos falsos e caímos na tentação de correr atrás desses modelos numa atitude de competição. Mas se eu estou seguro dos meus valores, saberei corrigir-me quando começo a deixar-me dominar por esse mundo das aparências, que depois se vira contra mim."

"Devemos ter o desejo de ser cada vez mais humildes, isto é, verdadeiros. Perceber que há uma grande distância e uma grande caminhada a fazer, é uma proposta ideal da qual devemos aproximar-nos cada vez mais, pela qual vale a pena lutar. Entender a humildade como sinônimo da verdade. Santa Teresa de Ávila disse que a humildade era viver em verdade. Esse é o dinamismo da humildade, ser cada vez mais verdadeiro consigo próprio, com os outros e com o mundo."


De Vasco Magalhães

Depois de longo e tenebroso inverno

Nem sei se os amigos ainda passam por aqui. Eu sumi mesmo. Andei ocupada com coisas boas, felizmente. Agora vou estar ocupada com coisas que, espero, resultem boas no fim. Friozinho na barriga, mas no fundo vem aquela mesma voz que me disse: confia!
Eu confio, mas o friozinho é inevitável. Varia de dia para dia, mas o simples pensamento já gera um certo stress. Vamos a ver.
Aos queridos amiguinhos que costumavam me visitar aqui peço desculpas pelo sumiço e prometo, na medida do meu possível, escrever com mais frequência. Voltem sempre, ok?

2.8.09

Pensamentos: V. Magalhães

"A estratégia para vencer o medo consiste, primeiro, em enfrentá-lo, aceitar-me como sou, redimensionar bem a situação, ver bem qual é o meu ponto fraco e olhar para ele de frente. É a pega de caras. O primeiro passo para resolver um problema é saber de que problema se trata! Depois, vem a capacidade de comunicar e discutir isso com os outros, o diálogo, arriscar-se a abrir-se com outro, objectivar e libertar-se, não viver as coisas sozinho, enterrando-se no buraco".

"Sentirmo-nos amados, bem como a confiança no outro e no sentido da vida, é que nos transmite segurança e paz, é o que nos tira o medo. Sem amor, sem confiança e sem sentido, fica-se no medo e na morte, sem relação".

"Se fosse na música seria de louvar a arte da fuga, ensiná-la e apreciá-la seria um bom serviço, mas na educação e nas relações sociais a fuga manifesta um triste pessimismo e oportunismo. "Atira-te e depois logo se vê, talvez dê" é fuga para frente (até no casamento a encontramos), assim fazem alguns e acham-se corajosos. Outros dizem: "não te metas nisto", "mais vale só que..." Fuga para trás! Também há a fuga para o lado, "a culpa é dos outros" ou "faço como eles". E que tal tentar enfrentar cada situação para ponderar o que é mais justo e responsável? Isso, sim, é fortaleza".

"Um mundo sem problemas seria um mundo de plástico, falso. Pensar que se não houvesse problemas é que seríamos felizes é um engano muito grande. Nem sequer seríamos pessoas, seríamos umas marionetas, porque a vida custa e crescer tem o seu preço. O que vale a pena paga-se e é bom que assim seja. Quando alguém se acha no direito de ter tudo de mão beijada, está a enganar-se e a fragilizar-se".

"Claro que existem riscos num caminho marcado pelo desconhecido, porque não há caminhos completamente seguros, nem isso seria desejável. Contudo, correr o risco pode desbloquear em nós uma coisa muito bonita e que exige espírito de aventura no bom sentido, que é iniciar uma caminhada construtiva e humanizante. Quem não arrisca…"

"No início de qualquer empreendimento seria bom pensar qual é a melhor atitude para enfrentar as coisas agradáveis e as desagradáveis, as certezas, as inquietações e as dúvidas que nos esperam, isso dispõe-nos a entrar com o pé direito. E sem dúvida essa atitude é de coragem lúcida, de força interior pensada, que não se encolhe diante das dificuldades ou dos problemas, mas se dispõe a enfrentá-los. Não me salva o mero atirar-me para a frente sem mais, o ser destemido de uma forma mais ou menos tonta nem a busca de um heroísmo fácil. É mais heróico aceitar os problemas e saber pedir ajuda para o caminho".

O café e o imperador


Há momentos em que sinto uma sensação tão estranha de solidão, de ser sozinha no sentido mais profundo que isso possa ter.
Hoje, no café da manhã, tive essa sensação.
Não é uma questão de estar ou não em companhia. Trata-se da certeza de não estabelecer diálogo com outro ser humano, de não fazer uma conexão mais profunda, de não conseguir viver relações com a intensidade que gostaria.
Com algumas pessoas, apesar de haver uma história e um sentimento forte (fruto único e exclusivo dessa mesma história), a impossibilidade de diálogo, de interação, de troca é absoluta.
Pensando a respeito, chego sempre a mesma conclusão: está tudo em mim. A carta do tarot sugerida tem tudo a ver e deixo aqui a definição para me lembrar de que, sem com isso tornar-me egoísta, tudo sempre começa e acaba em mim.

"O conselho emitido pelo Tarot vem através da imagem do arcano IV, chamado “O Imperador”, cuja imagem nos revela uma figura masculina solidamente colocada, irradiando poder e autoridade. O pedido do arcano IV é o da importância de reconhecer a própria força e não depender demais de ninguém. Sempre que dependemos do outro, o outro pode falhar conosco eventualmente e qualquer felicidade excessivamente buscada fora de nós é absolutamente temporária. Procure, neste momento, cultivar a referência do seu próprio poder pessoal e não se deixe levar demais pelos conselhos alheios. Reconheça, em si, a autoridade para comandar sua própria vida.
Conselho: Seja mais independente neste momento.
Texto: Personare

27.7.09

Crianças são as mensagens vivas que nós enviamos a um tempo que não veremos.
John W. Whitehead

20.7.09

Provérbio africano

"A paciência é uma árvore cujas raízes são amargas, mas cujos frutos são doces."

13.7.09

Datas (para pensar)

Hoje é dia 13 de julho.


Houve um tempo feliz em que havia comemorações mensais de um encontro escrito nas estrelas. Todos os meses aquele dia era de comemoração. Jantar, vinho, música.
Isso durou o tempo que durou e ficou até hoje na minha lembrança.

12.7.09

A oração do REI que eu amo

Cubra-me com seu manto de amor
Guarda-me na paz desse olhar
Cura-me as feridas e a dor me faz suportar
Que as pedras do meu caminho
Meus pés suportem pisar
Mesmo ferido de espinhos me ajude a passar
Se ficaram mágoas em mim
Mãe tira do meu coração
E aqueles que eu fiz sofrer peço perdão
Se eu curvar meu corpo na dor
Me alivia o peso da cruz
Interceda por mim minha mãe junto a Jesus

Nossa Senhora me de a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Nossa Senhora me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim
Sempre que o meu pranto rolar
Ponha sobre mim suas mãos
Aumenta minha fé e acalma o meu coração
Grande é a procissão a pedir
A misericórdia o perdão
A cura do corpo e pra alma a salvação
Pobres pecadores oh mãe
Tão necessitados de vós
Santa Mãe de Deus tem piedade de nós
De joelhos aos vossos pés
Estendei a nós vossas mãos
Rogai por todos nós vossos filhos meus irmãos

Nossa Senhora me de a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do Meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim...

Fortaleza e o REI

Mucuripe
As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vou levar as minhas mágoas
Pras águas fundas do mar
Hoje à noite namorar
Sem ter medo da saudade
E sem vontade de casar
As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vou levar as minhas mágoas
Pras águas fundas do mar
Hoje à noite namorar
Sem ter medo da saudade
E sem vontade de casar

Calça nova de riscado
Paletó de linho branco
Que até o mês passado
Lá no campo ainda era flor
Sob o meu chapéu quebrado
O sorriso ingênuo e franco
De um rapaz novo e encantado
Com vinte anos de amor

Calça nova de riscado
Paletó de linho branco
Que até o mês passado
Lá no campo ainda era flor
Sob o meu chapéu quebrado
O sorriso ingênuo e franco
De um rapaz novo e encantado
Com vinte anos de amor

Aquela estrela é dela
Vida, vento, vela leva-me daqui
Aquela estrela é dela
Vida, vento, vela leva-me daqui

Aquela estrela é dela
Vida, vento, vela leva-me daqui
Aquela estrela é dela
Vida, vento, vela leva-me daqui

É preciso saber viver

Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou viver na solidão
É preciso ter cuidado
Prá mais tarde não sofrer
É preciso saber viver...

Toda pedra no caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mau existem
Você pode escolher
É preciso saber viver...

Sobre escolhas

Toujours


Foto: Edouard Boubat, 1955.

Ainda sobre O REI

Você foi!
O maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi!
Dos amores que eu tive

O mais complicado
E o mais simples prá mim...
Você foi!
O melhor dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade
Faz lembrar
De tudo outra vez...

Você foi!
A mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu
Você foi!
O caso mais antigo
E o amor mais amigo
Que me apareceu...


Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...

Me esqueci!
De tentar te esquecer
Resolvi!
Te querer, por querer
Decidi te lembrar
Quantas vezes
Eu tenha vontade
Sem nada perder...
Ah!
Você foi!
Toda a felicidade

Você foi a maldade
Que só me fez bem
Você foi!
O melhor dos meus planos

E o maior dos enganos
Que eu pude fazer...

Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez....

Razões para ser O REI

Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções
Sentindo...

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui...

Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo...

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...

29.6.09

A dor

"O problema não é se dói ou se não dói, é como é que vivo a dor, com que sentido, com que integração, com que compreensão dos outros, avaliando em que medida é que essa dor me ajuda a crescer e a humanizar-me. Porque eu posso estar de óptima saúde e ser um triste no pior dos sentidos".

"É positivo termos tido nas nossas vidas momentos de sofrimento e de perda, porque nos ajudam a crescer, a ser quem somos, a não nos enganarmos, a não passarmos cheques falsos de nós próprios. Quantas vezes nesses momentos é que se abriram os nossos olhos para ver a realidade, não a imaginada por cada um, mas como efectivamente é, com a noção não só do que valemos mas também das oportunidades que temos à mão".

Vasco P. Magalhães

Michael Jackson e a triste herança de seus filhos

Ando sumida, eu sei, mas há motivos e, na maioria das vezes, são alheios à minha vontade.
O assunto do momento é a morte de Michael Jackson. Vendo todas as matérias, só uma coisa me salta aos olhos: a tristeza que deve ter sido a vida dele. Mesmo nas fotos de infância, ela podia ser notada no olhar dele. Penso se o olhar dos filhos dele é ou será assim também.
Uma das inúmeras notas saídas nos últimos dias dá conta da pergunta feita pela mãe de Michael, por telefone,logo após a sua morte. Acho que quem relatou isso foi a babá das crianças, que trabalhava há 17 anos para ele. A mãe queria saber se ele guardava dinheiro em casa. Acho que se isso não explica tudo, pode ajudar a entender aquele ser meio híbrido, que não parecia homem nem mulher, não era negro e nem branco, que falava e (diz-se) se comportava como criança.
Incrível como alguém que - de acordo com o que pensa o nosso mundo - tinha tudo para ser feliz (leia-se, dinheiro, fama, poder), viveu e morreu de um modo tão estranho.
Apesar do grande sucesso individual ter acontecido na década de 80, minhas lembranças mais ternas são de um Michael menino, com uma voz linda e cristalina. Acho que eu nem sabia que ele era um menino naquela época.
Uma pena que ele não tenha conseguido desvencilhar-se de todo o lixo que foi lhe foi despejado em cima e acabou se transformando naquela figura bizarra que a gente se acostumou a ver nos últimos anos. Pena também que tenha escolhido transmitir essa herança meio macabra aos filhos, que agora devem virar peças de uma batalha judicial.
Tudo muito triste.

28.6.09

Bye




Numa tacada só me despeço de dois personagens da minha infância e adolescência.

14.6.09

Crença



Um amigo lembrou-me que no último dia 5 a foto acima fez 20 anos.
Para mim ela continua sendo uma das mais importantes e marcantes da minha vida.
Poderia falar horas sobre tudo o que senti e sinto até hoje ao ver essa cena, mas limito-me apenas a dizer que quando se acredita, não há nada impossível.
Essa imagem é bela, grande e forte. Não se trata de heroísmo, no sentido banal. É um tipo de força da natureza humana que existe em alguns humanos.
O jovem que enfrentou os tanques desapareceu. Não se sabe se foi preso, se está vivo ou se foi morto. Deve haver várias lendas a respeito do seu destino, mas a verdade é que ele eternizou e simbolizou - pelo menos para a minha geração - a força de um ideal, de uma verdade, de uma certeza. A essa capacidade que alguns seres humanos, felizmente, possuem, rendo a minha mais profunda, sincera e agradecida homenagem.

Confio e torço

O retrato de Dorian Gray


Li essa "visão" de Oscar Wild do mito faustiniano da perda da alma em troca dos prazeres mundanos na adolescência, como quase todos. Lembro-me de ter ficado muito impressionada, apesar de, naquele momento, não poder entrar em todas as portas abertas pelo autor em função da minha própria condição de menina. No entanto, senti um certo desconforto naquela leitura, uma inquietação que permaneceu por muito tempo.
A cada um de seus desvios ou maldades Dorian via as transformações de sua imagem no retrato que mantinha escondido. Ninguém sabia, mas ele sim.
Pergunto-me o que levaria alguém a contentar-se com aquela troca?
Que tipo de ilusão/satisfação alguém poderia ter sabendo que tudo o que existe externamente é uma imagem?
Se fosse eu o jovem Dorian assustaria-me menos ter o retrato descoberto por alguém do que simplesmente olhá-lo e reconhecer-me nele.

13.6.09

Coisas

Dia 8 = menos um pedaço + entrega.

A mentira pode ser um vício, uma deformação de caráter ou, melhor dizendo, a mentira é o vício do mentiroso e este é alguém com uma deformação de caráter. Há outras possibilidades também, mas não sou psicóloga e nem psicanalista. Seja como for, não sei me relacionar com ela e tenho a certeza mais absoluta de sempre descobrí-la, mesmo que isso seja puramente acidental e até não desejado.
Tudo o que me tem acontecido me faz desejar ainda mais profundamente a verdade, como uma água clara e transparente em que posso mergulhar, sabendo o que me cerca.
Acho que me movo cada vez mais em direção a mim mesma. Tudo o que sempre fui vai voltando e isso deve significar alguma coisa.

Hoje tive um sonho lindo. Foi um daqueles recorrentes que sempre voltam, com pequenos e diferentes detalhes, mas sustentam-se na sua própria base. Nesses sonhos sou tão linda e tudo o que há em mim é beleza.


Tudo vai se redimensionando e sinto-me como se estivesse indo à escola.

Parece que estou sendo colocada à prova e as reações vão mudando a cada uma delas.

Não sei o que vem pela frente, mas tenho certeza de que será bom. Talvez um bom diferente daquele que eu desejo e espero, mas como aprendi: entrego, confio, aceito e agradeço.

17.5.09

Amor e cuidado



Achei linda essa foto. Ela diz muito do que é o amor ou do que eu quero do amor.
Amar é cuidar, proteger, acolher, abrigar.
Amar é pegar chuva, mas não molhar seu instrumento, porque é dele que vem a sua alegria, o prazer, a parte boa da vida.
Amar é fazer sacrifícios sim, mas sem dor ou cobranças, porque, no fundo, sacrifício mesmo seria não fazê-lo.
Amar é uma descoberta, um preenchimento. Pode até ser o contentamento descontente do poeta, mas o amor está mais perto da certeza que da dúvida, porque a gente sabe quando ama e a gente age como quem ama, quando ama.
Essa foto me fez pensar no amor (de modo geral ou específico, tanto faz, porque quem ama cuida: do bichinho a um objeto, do irmão ao companheiro, etc..etc..etc...) e já que uma imagem vale mais que mil palavras, fico por aqui.

Mensagens que recebi

"A primeira característica do amor é a inteligência. Se o amor não é inteligente, não é humano e até nem sequer é amor! Amor é compreender o outro, dar-lhe o lugar certo, ir ao encontro das suas necessidades e dar-lhe equilibradamente o que ele precisa e eu lhe posso dar. Ora isso só se faz com inteligência, com uma sensibilidade que sabe discernir. Inteligência quer dizer "ler por dentro" a realidade. Posse e prazer são uma caricatura do amor. Entregar-se e acolher inteligentemente é próprio de quem ama."

"A fidelidade não é a pessoa manter-se sempre onde está. Pode ser que, por fidelidade ao bem maior e à minha consciência e até ao bem do outro, eu deva tomar uma opção de mudança para ser fiel. Para ser fiel ao bem maior, à minha consciência, não devo continuar, se calhar, uma situação estragada. Fidelidade pode consistir assim numa mudança bem feita. Mas a mudança até pode ser na mesma relação ou na mesma situação, que tem que ser vivida de outro modo para ser fiel. Fidelidade não é estar preso ao passado, é nunca desistir do objectivo com que me comprometi. E recomeçar cada dia."

Vasco Magalhães
Tenho várias anotações que gostaria de fazer, mas estou com um pouco de preguiça de escrever.
A semana passada levei dois sustos e um corte profundo no dedo. Mas nem fui ao hospital, porque não queria levar pontos. Não é muito grande, mas foi fundo e a culpa foi da minha preguiça de pegar o vidro do modo correto e não do modo mais fácil.
Conheci 2 pessoas interessantes, papo bom e reflexivo, como eu gosto (mas não pensem que isso é igual à chatice, pois não é. Pensar sobre as coisas é só uma manifestação da minha curiosidade, da sede que tenho de descobrir coisas, de encontrar respostas e entender aquilo que me escapa à compreensão). Gosto quando encontro pessoas com essa mesma disposição. É raro, mas acontece. Às vezes por puro acaso.
Acho que estou mais estável. Entendi que aquela montanha russa não estava me fazendo bem e tomei providências.
Já sei de algumas coisas que quero e de outras que não quero.
No tarot da internet saiu a carta da morte, mas quem saca de tarot sabe que a morte não precisa ser a morte mesmo, mas uma grande mudança, uma reviravolta na roda da fortuna.
Estava escrito: "Existem momentos da vida em que somos desafiados a perder cascas, a compreender a importância de caminhar, deixando paisagens para trás. Ainda que isso doa, uma vez que nosso ego se estrutura a partir de apegos e identificações, é a compreensão meditativa de que tudo passa que lhe permitirá seguir caminhando e, enfim, abrir-se ao novo que belamente se introduz em sua vida, pouco a pouco, passo a passo, até que você apareça com a alma totalmente renovada. Procure se interiorizar neste momento, evitando grandes atividades sociais. Faça este contato com o núcleo da sua alma e você entenderá quais são as coisas que precisam ser deixadas para trás."
Curiosamente isso tem tudo a ver com o livro do Osho que está quase no fim. Ele fala o tempo todo da prisão da mente, do que aprendemos, do ego, da caminhada rumo à infelicidade, se esse ciclo não é quebrado. A verdade é que o desapego é o grande barato da coisa toda. Mas seria ótimo se bastasse entender isso para conseguir executar.
Fiquei muito feliz com aquele lance do dia 25. Não foi tão completo como eu gostaria, mas mostrou que posso ir por aquele caminho. Não posso esquecer disso. Não foi sorte e sim competência, criatividade, capacidade. Foi muito bacana ver esse resultado, principalmente por não haver nenhuma expectativa concreta.

A me escreveu coisas muito lindas. Ela sempre sabe o que e quando me dizer. Devo tanto a ela e não há amor maior do que o que nos une, forever.
Sinto-me mais equilibrada, apesar do medo das coisas que estão por vir. Tenho que passar de novo por aqueles momentos de apreensão e isso me amedronta muito. Não quero pensar, mas penso. Às vezes a vida da gente é toda mudada pelo que está escrito em um pedaço de papel.
Meu anjinho me diz que tudo vai dar certo. A dúvida vem do outro lado só para me desestabilizar, mas sinto que estou melhor. Pelo menos o sobe e desce está diminuindo.
Depois eu volto. Agora estou com preguiça e sono.
Boa semana, galera (e kd os e-mails que sumiram?)

11.5.09

Boa semana

Pessoal, boa semana. Não estou muito "falante" hoje. Deixo uma frase. Se você gostar de receber, aprenda a dar e o mundo será melhor, com certeza.
Aliás, se a gente só desse o que gostaria de receber, a Terra seria o Paraíso, né não?
Para os que pediram para abrir os comentários, peço desculpas, mas prefiro os e-mails. Sei que dá mais trabalho, mas isso garante que quem escreve está mesmo com vontade de escrever (e tenho tido gratas surpresas).
Se for para me dizer coisas simpáticas (ainda que discordando do que eu digo) é sempre bem vindo. Se for para me encher o saco, eu deleto, porque já tem mala demais no mundo real, para aturar também os do mundo virtual.
E a frase é:

"O melhor presente que podemos dar a outra pessoa é nossa atenção plena".
Richard Moss - Médico, escritor.

Não sei se é o maior presente, mas é um dos maiores, seguramente. Porque para dar atenção você precisa respeitar, gostar e, quiçá, amar.
Então, galera, dê a sua atenção integral ao seu interlocutor, a quem você ama, à sua mãe, aos professores, à natureza, aos sinais diretos e indiretos, enfim, lembre-se que a vida pode ser curtíssima e fazer as coisas por fazer é muito pobre.

Au revoir, que eu vou em frente e atrás vem gente.

10.5.09

Impotência sem remédio

Acordei com a disposição de fazer do meu dia um lindo dia, mas soube de um fato triste e, como ando ainda mais super-hiper-mega sensível, fiquei triste.
Triste por não conseguir aceitar que a vida tem essas coisas chatas e feias sem sofrer. Também por saber que sou impotente diante delas e que morro de medo de parar de dar ouvidos ao anjinho que me diz que a vida é boa e bela e acreditar só nesse outro elemento que insiste em dizer que o mundo é uma merda, que as pessoas não merecem nem o meu desprezo, quanto mais o meu amor e que não há esperança de mudança positiva.
Vou ter que ler muito Osho para descolar um pouco de equilíbrio para esse meu coraçãozinho (e cabecinha, por supuesto) tão dividido.
Por enquanto na minha jukebox interna tocam os sambas e fados da minha herança genética. Às vezes fico com medo de um desses rítmos se sobrepor (no caso o fado) ao outro e eu ficar irremediavelmente triste.
Vamos a ver, como dizia F.

Fases

Ando numa fase politicamente incorreta. As razões são variadas, mas uma delas é que ando sem esperança na humanidade (na humanidade que ocupa o território nacional inclusive). Vai daí que, noutro dia, respondi muito sinceramente uma pergunta que me foi feita, de forma indireta.
A pessoa disse que eu tinha sido politicamente incorreta e que algumas coisas a gente pode pensar, mas não deve falar.
Claro que existem coisas que não se deve dizer. Mas o que eu disse não estava nessa categoria. Acho que poderia estar classificada como a antítese da hipocrisia em que vivemos.
Confesso que há coisas que me enchem o saco de forma, praticamente, irreversível.
Ler a Veja hoje não fez bem ao meu fígado. Não que houvesse ali alguma novidade, fato inédito e tal, mas é que há dias em que algumas coisas parece que ficam ainda mais indigestas.
Recentemente tive um contato muito próximo com a política e constatei que meu estômago é sensível demais. Nesse ambiente o sujeito tem duas opções: joga fora todo resquício de caráter e entra na farra ou pula fora imediatamente. Não há inocentes nesse meio.
Isso não é privilégio do Brasil, claro, mas é aqui que isso me dói mais.

3.5.09

Mais Quintana

Certezas


Não quero alguém que morra de amor por mim...

Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...

Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...

Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...

Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele.

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...

Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena.

Mário Quintana

Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos sao pássaros engailoados,
sentimentos são passaros em vôo.

DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!



Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

Linha Reta
Linha sem imaginação.

Linha Curva
O caminho mais agradável entre dois pontos.


Quem não compreende um olhar,
tampouco compreenderá uma longa explicação
Croquete de frango ao curry em crosta de castanha e chutney de banana com côco.

Atum em crosta de pimenta, ragout de lentilhas e chutney de tomate.

Rolinhos de chocolate com ganache de chocolate e calda quente de maracujá

Melody Gardot e vinho chileno.

O devoto de São Ridículo



Agradecendo ao seu padroeiro por não ter tido overdose de Viagra, Berlusconi sobe mais um degrau rumo ao ápice do ridículo.
Li hoje que a mulher desta mala vai pedir (ou já pediu) o divórcio, depois de tomar conhecimento pela imprensa que o velhinho anda "flertando" com uma napolitana de 18 anos (na verdade, ele gostaria que pensassem que está, porque acho que nem com Viagra na veia ele deve conseguir fazer alguma coisa digna de nota ou registro....além disso, mesmo na época remota em que aquela coisa ainda subia, ele não foi do tipo com pegada.....e, ainda, com um ego daquele tamanho o sujeito é, no mímimo, ejaculador precoce e sem a menor criatividade nem para compensar essa lamentável recorrência masculina....claro que a mulherada deve gozar muito com ele...... quando ganha presentes e depois, rindo da cara do idiota.....hehehehe).
Ela teria dito: ""La strada del mio matrimonio è segnata, non posso stare con un uomo che frequenta le minorenni", e mais,"voglio che sia chiaro che io e i miei figli siamo vittime e non complici di questa situazione, dobbiamo subirla e ci fa soffrire".

Visto de fora a gente pensa: mas por que diabos essa mulher ficou casada com uma coisa dessas e por tanto tempo?
Há duas hipóteses, na minha opinião:
1 - Por mais bizarro que possa parecer, apaixonou-se por ele (o amor é, até certo ponto, cego e surdo) a ponto de aguentar até o desrespeito público (o fato de ser público agrava, mas o que fere é o desrespeito mesmo).
2 - Apaixonou-se pela grana e o status (ok, o cara é conhecido como 171, tem milhões de processos dos quais tratou de se livrar, mas ainda assim é o homem mais rico da Itália e isso coloca todo mundo de joelhos, lambendo o chão por onde ele passa) dele e achou que podia suportar os vexames, as humilhações e a canalhice dele.

Só uma das dessas duas hipóteses pode explicar a razão dela não ter tomado a mesma medida antes. O cara é tão ridículo que esquece que, além da mulher, expõe também os filhos à situações degradantes (claro que estou qualificando sob o meu ponto de vista, porque com certeza deve ter muita gente achando que ele é o máximo).

O que ele representa politicamente para mim já é um lixo, mas me enoja mais ainda o que ele demonstra ser pessoalmente.

O normal (ainda que inútil e errado) seria desejar que ele fosse bem infeliz, que ficasse sozinho, tendo mil mulheres a pagamento, mas essencialmente sozinho. Mas gente como ele não tem nada que se pareça vagamente com sentimento.
Acho que ele se enquadra na minha idéia de psicopata. Não é capaz de sentir. Ele usa tudo e todos para saciar a própria sede de poder e de prazer. Do ponto de vista de uma pessoa normal, ele é um infeliz. Mas ele provavelmente deve estar rindo de tudo isso, contente por estar sendo motivo de conversas, se achando o gostosão da bala Chita e pensando na próxima merda que vai fazer.
Como diria o Tião Macalé: Nojento!
P.S. Também já li versões de que a jovem poderia ser filha do dito cujo.

2.5.09

Ainda sobre Osho

"Mas um Mestre sempre pede o impossível, porque somente assim você pode mudar. Com o possível você permanece o mesmo. Tudo o que a sua mente acha possível está dentro dela. O que ela diz que é impossível está além dela. Tente o impossível. Religião é o esforço para alcançar o impossível. Religião é o esforço para fazer acontecer aquilo que não pode acontecer".

"A comida e o sexo são básicos. A comida é mais básica do que o sexo, pois você pode viver sem sexo, mas não pode viver sem comida".

"O sexo não é a base da sua existência biológica: é a base da existência biológica da sociedade - não da sua".

"A punição nunca muda ninguém".

"Você sempre compreende de acordo consigo mesmo. Você lê um livro e compreende apenas o que já conhece. Você ouve, mas interpreta pelo passado, seu passado interfere".

1.5.09

Osho

"Se alguém lhe diz que você é desonesto, você imediatamente se defende. Por que? Porque tem medo e o medo é defensivo. Você está preocupado com isso e reage, porque sabe que é desonesto.
A verdade machuca muito, porque a ferida está presente. Você sabe que é desonesto, e se alguém lhe diz isso, você não pode rir, torna-se sério, tem de se defender.
De outro modo, o fato será conhecido. Você precisa lutar. Senão o fato será conhecido, todos começarão a pensar que você é desonesto.
E se as pessoas souberem que você é desonesto, então será difícil continuar a sê-lo, pois só quando as pessoas acreditam que você é honesto é que você pode continuar sendo desonesto.
Isso é matemático. Só quando as pessoas acreditam que você é um homem verdadeiro é que você pode mentir. Se todos souberem que você é mentiroso, tudo estará terminado. Como poderá mentir? Mesmo para mentir é necessário que as pessoas tenham uma espécie de confiança em você. Você só pode ser um ladrão se as pessoas acreditarem que é um santo, porque assim elas não se protegerão de você".




O texto acima foi extraído de um livro muito interessante que estou lendo, chamado Nem água, nem Lua. São histórias zen tiradas das palestras de Osho.
Vocês devem achar que sou monotemática e falo quase sempre dos mesmos temas: amor, mentira, saudade, reflexões. Mas esse é o meu "diário" (ou semanário)e escrevo sobre as coisas que me afligem, interessam, impressionam, alegram, entristecem ou simplesmente sobre aquilo que eu gostaria que fosse, do jeito que eu gostaria que fosse, exatamente como eu sonhei e desejei que fosse.

Algumas coisas são ilimitadas, entre elas a capacidade de ser ridículo.

NÁPOLES (Reuters) - O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, que se comparou a Jesus Cristo e Napoleão Bonaparte, afirmou nesta sexta-feira que é o líder mais popular do mundo.
O premiê conservador, em seu terceiro mandato, disse que uma pesquisa de opinião mostrou sua popularidade acima de 75 por cento, colocando-o à frente do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama --ou qualquer outro líder de governo.

"As pesquisas de opinião dizem que ele (Obama) tem 59 por cento. Somente o Lula alcança 60 por cento-- ele está com 64 por cento. Então a minha é um recorde de alta", disse ele a repórteres, em Nápoles, citando o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Berlusconi -- que se declarou o Jesus Cristo da política italiana e disse que ficava atrás somente de Napoleão -- foi criticado por manifestantes que gritaram "Vá embora!".

Analistas concordam que Berlusconi possui alto grau de aceitação apesar da crise econômica -- o Fundo Monetário Internacional prevê que a economia do país se contraia em 4,4 por cento neste ano -- embora talvez não seja tão grande quanto ele alega.

O premiê italiano, que regularmente reclama de tratamento injusto pela mídia apesar de controlar diretamente ou indiretamente 90 por cento das emissoras de TV da Itália, definiu sua popularidade em 75,1 por cento.

"Essas são pesquisas independentes, mas não são prontamente divulgadas", afirmou ele.
(Reportagem de Laura Viggiano)Yahoo notícias.

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste...

Vinicius de Moraes

Pequenos gestos de amor


Numa associação de idéias muito particular, partindo do 1º de maio, lembrei-me do meu primeiro amor (ou o que eu pensava que fosse o amor, mas que era a primeira paixão).
Foi aquele começo bem romântico, de troca de olhares, de passar várias vezes e a cada uma delas olhar com um sorriso. Enfim, essas coisas que a maioria das pessoas já viveu.
Um dia ele me pediu uma carona de guarda-chuva. Estava chovendo. Eu tinha guarda-chuva e ele não. Aí ele, muito timidamente, me perguntou se podia pegar uma carona.
Respondi que sim e fomos, aproveitando a chance que o pequeno guarda-chuva nos dava de estar assim próximos. Ele, com a desculpa de segurar o guarda-chuva, segurou a minha mão. Senti fagulhas de ambos os lados.
Depois disso não me lembro bem, mas algum tempo depois ele deve ter me pedido o telefone, para passearmos (ele não era do Rio) e um belo dia ligou.
Convidou-me para sair, mas já não me lembro onde fomos e nem sei se foi aí que o namoro começou.
O fato é que - ainda no processo de sair da adolescência - me apaixonei pela primeira vez. Claro que antes já havia sentido várias paixõezinhas na escola, mas tudo platônico e, para ser sincera, sem grandes importâncias.
Começamos a namorar e eu não pensava em mais nada, não sentia fome, nem sono, nada.
Dormia pensando nele e acordava do mesmo jeito. Sei que com ele também era a mesma coisa, pois nessa idade nem os homens fingem bem e ele estava apaixonado como eu
Muitos meses depois brigamos, aliás, eu briguei. Fiquei ofendidíssima com uma proposta indecente que ele me fez. Nossos hormônios estavam a mil por hora e, claro, a gente sentia um tesão enorme, mas eu não queria transar ainda, ou melhor, até queria, mas sabia que tinha que me sentir segura, fazer isso por mim e não para ceder a vontade dele.
Ele sugeriu que aquele era o momento, com muito jeitinho, de forma tão indireta que custei a entender, mas, quando entendi, fiquei ofendidíssima (pelo menos essa foi a minha reação). Eu já havia dito que, quando me sentisse pronta, seria a primeria a tomar a iniciativa. Achei que ele estava me pressionando e reagi radicalmente.
Durante dias ou semanas (não me lembro)ele passava por mim e eu nem olhava (a gente se via diariamente).
Nos primeiros dias eu não queria mesmo olhar, estava com raiva e achava que não falaria com ele nunca mais.
Depois a raiva começou a passar e já sentia vontade de falar, de olhar...mas não olhava. Acho que gostava muito de ser dura naquela época. Já havia entendido que ele não queria forçar a barra e nem me manipular, apenas sentia tesão, queria transar e me disse isso.
Não sei quantos dias (ou semanas?) depois ele me ligou, dizendo que não aguentava mais aquela distância, que me amava muito e que gostaria de conversar, para entender as minhas razões e explicar as dele.
Claro que o meu coração disparou, porque eu também já não sentia raiva e queria muito estar com ele, beijá-lo, ouví-lo.
Marcamos um encontro, mas eu não tinha intenção de amolecer. Só que ele foi muito sensível e me fez uma linda surpresa. Foi esse gesto simples, pequenininho e tão lindo que me fez abrir um sorriso enorme, abraçá-lo, beijá-lo (aqueles beijos de adolescente, sabem?) e sentir uma felicidade imensa.
A surpresa consistia em usar um sapato de bico fino. Explico: ele sempre usou sapatos que eu não gostava. Várias vezes comentei que ele ficaria melhor com outro tipo de sapatos mais elegantes, mas ele resistia, dizia que gostava mais daqueles que usava.
Um dia vimos um sapato que eu achei lindo. Disse a ele que queria que tivesse um assim. Ele desconversou, mas eu sabia que aquela seria uma batalha longa (realmente os sapatos que ele usava eram feios demais e sapato de homem tem que ser bom e bonito). Conclusão: no dia do encontro, ele apareceu com aqueles sapatos que gostei.
Foi a primeira coisa que vi, quando o encontrei. Aquilo quebrou todas as minhas reservas. Corri para o abraço e vivemos felizes para quase sempre até nos separarmos muitos anos depois, quando eu já não sentia aquela grande paixão.
Não foi apenas o prazer de ver a minha vontade realizada (confesso que, naquela época principalmente, era importante me sentir "vencedora"...coisas da insegurança e da imaturidade), mas principalmente, porque ele disse, sem a necessidade das palavras e de um modo muito delicado, que me amava, que estava aberto às mudanças, que faria "sacrifícios", que queria me ver feliz, alegre e, naquele dia, conseguiu.

Na intimidade da nossa cama


Normalmente se tem a idéia de que o máximo de intimidade que se pode ter com alguém é o sexo. Talvez até eu mesma já tenha pensado isso em priscas eras.
Na verdade sexo não traduz, necessariamente, alguma intimidade. Pode-se fazer sexo com ou sem intimidade. Isso não tem nada a ver com o nível de sacanagem, de exposição, de fantasia. Diria que intimidade no sexo está ligada à entrega e a gente sabe que esse é um artigo que a gente dá e recebe muito raramente.
Na vida cotidiana há várias "coisinhas" que dão o tom de intimidade. Falando de casais, cada um tem a sua dinâmica e a sua evolução. Alguns passam a vida sem criar realmente uma intimidade. Outros se entendem no olhar e até nos silêncios.

Na minha recente vida de casal, havia uma coisa que eu gostava muito e que me lembrei escrevendo isso.É uma situação "de cama", mas não se trata de sexo.
Eu ouvia as histórias que E lia para mim.
Normalmente prefiro ler a ouvir, pois minha memória e concentração são mais visuais que auditivas, mas adorava me deitar e ouví-lo ler histórias, me explicando o significado de algumas palavras que eu não sabia ou não tinha certeza.
Às vezes eu me deitava no braço dele e, quando fazia frio, ao calor da voz se somava ao do corpo e eu me sentia muito bem.
A idéia inicialmente foi minha e deveria ser o contrário: eu leria lendas e contos do folclore brasileiro. Mas não sei bem como a coisa se inverteu e, na maioria das vezes, era ele quem lia para mim.Ultimamente eu havia começado a ler Machado de Assis.
Gostava imensamente desses momentos, pois eram um espaço que eu acreditava ser muito nosso, que me dava uma sensação de aconchego, de carinho, de intimidade e de segurança. Depois vinha o sono tranquilo, os carinhos matinais, o café da manhã. Enfim, essas coisas que compõem a parte boa da rotina.
Pode parecer uma coisa tolinha, mas para mim é uma doce lembrança. Não sei o que significava para ele. Ou sei?
Hoje acordei triste. Certamente algum sonho. Sei que sonhei muitas coisas, pois acordei mais de uma vez e em cada uma delas lembrava de um sonho. Depois dormi e esqueci tudo.
O último, talvez tenha sido o mais legal, mas ainda assim não deve ter ajudado a apagar a sensação dos outros sonhos. Nesse último eu andava de moto.

Dia do Trabalhador

Primeiro de maio me lembra as estradas tingidas de amarelo, pela primavera, entre Lisboa e o Minho.

27.4.09

Boa semana

Hoje deixei vários posts, que foram sendo escritos ao longo do dia. Entre uma coisa e outra fui aproveitando para escrever e já respondi os e-mails também.
Amanhã é um dia importante. Dedinhos cruzados, ok?
Fui apresentada ao Osho e estou lendo um livro chamado Nem água, nem lua (sobre histórias zen).
Ainda que seja muito difícil chegar ao estágio que ele propõe, sei que o que ele diz é bastante lógico e vem mesmo ao encontro do meu próprio pensamento.
Depois vou transcrever aqui algumas coisas que acho interessantes.
Defintivamente a simplicidade é uma conquista e uma fonte de felicidade.
Chegar lá é que é difícil (mas não impossível). Quem sabe um dia eu alcance esse nível de elevação??
Boa semana. Bons estudos, boa praia, bom trabalho....tudo de bom para todos nós.

26.4.09

A tirada do ascensorista

O diálogo abaixo foi ouvido por mim num elevador e acabou por fazer com que todos os presentes - homens e mulheres - rissem.
Mulher A- Você acredita que ele me traiu com a colega da nossa filha e depois com a mãe dela?
Mulher B - Mentira?!
Mulher A - Juro. Só não sei é se mãe e filha souberam disso.
Mulher B - E o que você fez?
Mulher A - Contei para a nossa filha, rasguei as roupas dele, documentos. Quebrei tudo o que ele gostava, coloquei os restos em caixas e mandei o porteiro colocar na garagem para ele pegar. Naquela casa ele não entra mais, nem morto. Também aproveitei para lhe colocar o último par de chifres com o Costa, aquele amigo gostosão dele que me cantava há anos.

Silêncio no elevador. E vem a frase lapidar dita pelo ascensorista.
- Homem para trair precisa de mulher. Mulher para trair precisa de motivo.
Depois dessa a gargalhada foi geral.

Hipóteses

Se uma pessoa chega atrasada a dois encontros e só se desculpa em um deles, isto quer dizer:
1 - Que houve uma distração com relação a uma das pessoas?
2 - Que a importância dada a uma não é a mesma dada à outra pessoa?
3 - Que se quer impressionar apenas uma das pessoas?

Não sei o que vocês acham, mas eu penso que a segunda hipótese é a mãe da primeira e da terceira. O resto é blábláblá. Nós só fazemos o que queremos, consciente ou inconscientemente. Ninguém nos obriga. Acontece que nem sempre revelamos as nossas verdadeiras motivações.

Hello boys!

Whatever you give a woman, she will make greater.
If you give her sperm, she’ll give you a baby.
If you give her a house, she’ll give you a home.
If you give her groceries, she’ll give you a meal.
If you give her a smile, she’ll give you her heart.
She multiplies and enlarges what is given to her.
So, if you give her any crap, be ready to receive a ton of shit.

Das coisas que me irritam

Pessoas que fazem perguntas sobre a minha intimidade, sem que eu tenha ao menos sinalizado que isto era permitido.

Quem coloca obstáculo em vez de dizer simplesmente que não quer fazer.

Quem coloca palavras na minha boca, dizendo que eu disse o que eu não disse. Se há uma coisa que não me mete medo é falar. E não tenho nenhum problema em assumir o que digo, mas se uma pessoa entende algo diferente, o problema não é meu.

Quem me ofende pensando que sou idiota.

Quem me diz que o seu cachorro não morde e insiste para que eu aceite isso como verdade.
Adoro os bichinhos, mas daí a sair pegando um cachorro que não conheço......

Quem quer fazer uma coisa e me usa como desculpa, tipo: vamos logo porque ela (eu) está com pressa, sendo que a pressa quem tem é a pessoa que fala. Pô! Por que não diz a coisa como ela é?

Gente mal educada de qualquer idade.

Mastigação de boca aberta, com direito a barulho. Sendo mais abrangente, quem não sabe se comportar à mesa.

Médicos que se acham deuses.
"Posso dizer verdades sem ser verdadeiro. A verdade moral vem de uma atitude construtiva na relação entre as pessoas. Não é só não enganar, mas humanizar, ser coerente, ser honesto, ser aberto e transparente. É a verdade assim entendida que constitui a base da convivência social e que devemos procurar nas nossas relações".
Vasco Magalhães

“No início da nossa vida e de novo quando envelhecemos, precisamos da ajuda e da afeição dos outros. Infelizmente, entre estes dois períodos da nossa vida, quando somos fortes e capazes de cuidar de nós, negligenciamos o valor da afeição e da compaixão. Como a nossa própria vida começa e acaba com a necessidade da afeição, não seria melhor praticarmos a compaixão e o amor pelos outros enquanto somos fortes e capazes?"
Dalai Lama

Fases que a gente passa e ultrapassa

Denial is a defense mechanism postulated by Sigmund Freud, in which a person is faced with a fact that is too uncomfortable to accept and rejects it instead, insisting that it is not true despite what may be overwhelming evidence.

Quando alguém morre, ao descobrir uma doença ou diante de uma grande decepção a primeira coisa que fazemos, penso eu, é negar. É um mecanismo de defesa, um modo de ganhar tempo para assimilar aquilo de ruim que nos aconteceu.
Não sei se há um tempo depois do qual isso passa de normal a anormal ou se varia de pessoa para pessoa.
Recentemente, ao descobrir um problema de saúde, passei semanas acordando com o desejo de que tudo tivesse sido apenas um pesadelo. Durante alguns segundos pensava que nada daquilo tinha sido real, que eu havia apenas sonhado.
Em seguida vinha a certeza de que não tinha sido um sonho e uma tristeza imensa tomava conta de mim. Por que? Por que eu? Por que agora? Mil por ques.

Um dia, ao fazer uma ligação e ouvir uma voz conhecida, tive um choque tamanho que simplesmente não acreditei. Por alguns minutos pensei que estava ficando maluca, sem saber se tinha mesmo ouvido aquela voz. Precisei ligar uma segunda vez para acreditar, para ter certeza.
Depois fui tomar banho e deixei a água cair sobre mim, para limpar meus pensamentos, meu corpo, minha alma. Chorei de um modo tão profundo, como se tivessem arrancando o meu coração. Foi uma coisa tão estranha. Eu não acreditava e ao mesmo tempo sabia que era real. Acho que nunca vou esquecer esse choro.
Água que vinha de fora, com água que brotava de dentro. Uma espécie de lavagem do Bomfim, para deixar tudo limpo, claro, sem dúvidas, sem negação.
Quando se supera essa fase, as coisas começam a tomar os seus lugares, a gente vai encontrando os mecanismos para lidar com o problema e, lá na frente, acha ou a vida se encarrega de mostrar a solução.
No que diz respeito à saúde é mais difícil, especialmente em função do medo que fica girando em torno, esperando qualquer brecha ou vulnerabilidade para se instalar.
Esse tem sido o meu maior inimigo.

Recordar é viver

Impressiona-me sempre como certas coisas são, ao mesmo tempo, tão óbvias e tão difíceis de se perceber (ou de se ter essa consciência). Outras vezes, quando leio ou ouço alguma coisa desse gênero, vejo que não sou a única a pensar daquele modo e passo a considerar os meus pensamentos como possibilidades em vez de utopias.
Nos últimos dias além de comer muito camarão e algumas lagostas, cheguei à conclusão de que o próximo objetivo de vida é mesmo aquietar a mente.
Claro que até chegar a esse estágio, terei que ter muita disciplina, perseverança e concentração, ou seja, tudo (ou quase) que não tenho em grandes estoques.

Uma mudança no meu sonho recorrente aconteceu: em vez de querer dizer, eu tinha algo a perguntar. Há anos e anos esse sonho se repete e a vontade era sempre de contar. Dessa vez, o sonho foi lindo como sempre, mas eu tinha curiosidade em saber. Não sei o que isso significa, mas deve significar alguma coisa. O que sei é que se eu pudesse programar meus sonhos, teria variações deste todos os dias, porque me sinto bem e calma ao acordar.

Revi uma querida amiga que conservo desde os 12 anos. Não nos víamos desde 2006. Ela teve um problema no coração, fez uma cirurgia, mas agora está tudo bem. Mostrei-lhe algumas coisas que guardei da nossa adolescência: cadernos com mensagens (aquele clássico de fim de ano), fotos e alguns objetos que nem me lembrava mais. Passamos muito tempo a recordar desta e daquela amiga, daquele menino que era lindo, da professora amiga do Milton Nascimento que nos apresentou a ele num show. Eu lembrava de coisas que ela não lembrava e vice-versa.
Ela sempre foi muito calma e calada. Eu tive uma fase enfant terrible na qual poucos colegas eram bem vindos. Foi uma fase de muita agressividade e vontade de romper com a ordem.
Ela lembrou-se que um dia eu disse: “se alguém fizer alguma coisa com você, me diga e eu quebro a cara dessa pessoa”. Comecei cedo a julgar-me uma super-heroína, que podia salvar os bons e lutar contra os maus. Depois veio a fase mais pé no chão e com ela a minha frase lapidar: “ a realidade é iconoclasta”.
Lembro-me bem desse dia. Estava lendo e deparei-me com a palavra iconoclastia. Fui ao dicionário ler a definição. Nessa época eu gostava de um menino chamado Max (eu e 90% das meninas da escola) e, por conseqüência, o achava lindo, inteligente, maravilhoso, praticamente um ídolo e, como tal, sem defeitos. Rolava um tal caderno de perguntas, que a gente passava entre os amigos, para saber o que eles pensavam sobre certos temas, o que (e de quem) gostavam (às vezes isso era só um meio de saber a respeito de alguém especificamente....adolescência tem dessas coisas, não é?) o que queriam.
Dei o meu caderno para ele e, quando li as respostas, descobri que ele era chato e bobinho. Aí, lembrei-me da palavra iconoclastia e pensei: por mais que eu queira vê-lo como príncipe, ele é um sapo, ou seja, a realidade é iconoclasta. Pronto. A partir daí essa frase acompanhou-me e virou uma espécie de referência, pois meus amigos a citavam, quando se referiam a mim.
Rimos muito dessas lembranças e, embora nossas vidas tenham tomado rumos muito diferentes, dos nossos temperamentos serem praticamente opostos e da vida nos manter quase sempre à distância, temos aqueles momentos em comum que servem para manter um delicado elo, que nos ligará para sempre.
No mais, meu caros, nenhum acontecimento passível de comentários aqui.

Friedrich Nietzsche

"Minha solidão não tem nada a ver
com a presença ou ausência de pessoa.
Detesto quem me rouba a solidão,
sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia..."

Yes, I can

Nem só de coisas tristes é feita a vida e ontem, 25 de abril, minha alma ficou em festa ao ler uma coisinha. Fiquei tão feliz comigo mesma. Não senti orgulho propriamente, mas uma alegria muito grande ao ver que o sonho não é tão impossível e eu posso. Respiro um certo ar de Obama.

Companheiros

Ontem fui à missa de 7º dia de Z. Ela morreu já faz alguns anos, mas o corpo foi embora agora. Durante toda a missa (super chata, aliás, com um padre totalmente sem noção, reclamando, dizendo que todos nós temos Aids na alma e outras pérolas)fiquei vendo um filminho dela: o sorriso, as piadas, a alegria que irradiava, as comidinhas gostosas que fazia, a bandeja que trouxe um dia, com o meu café da manhã, acompanhada do sorriso de sempre e de uma rosa, os inúmeros bolos que fez especialmente para mim (e para outras pessoas também, porque ela adorava presentear assim).
Lembrei-me de suas posições políticas, do quanto falava das ligas componesas, de D. Helder. Suas frases, os relatos e histórias, sua linda voz cantada, sua beleza de top model na juventude, todas essas imagens passaram na minha frente e senti uma saudade calma e profunda. Chorei, como sempre e desejei que A tenha forças para passar esse momento.
Acho que não existem mais homens como ele, maridos tão dedicados, amigos e companheiros. No lugar dele a grande maioria teria resolvido o "problema" de outra forma. Ele não. Ficou com ela até o fim e ela merecia que fosse desse modo.
Casaram-se já na "adultice", como ela dizia. Nunca perderam a alegria daquela união.
Tudo acaba e a gente tem que aceitar isso, mas o "nunca mais" é meu maior inimigo.

21.4.09

Ódio

Se há uma coisa que eu odeio com todas as minhas forças é barata. Há outras também, mas esse bicho - nojento, que vive no escuro, se escondendo, não faz nada às claras, se finge de morta, vive na sujeira e resiste até a bomba atômica - deve mexer também com o meu inconsciente. Não é proporcional o pânico que essa coisa gera em mim.
Barata é o oposto de tudo o que gosto: limpeza, claridade, abertura, tudo às claras.
Se encontrasse o gênio da lâmpada acho que pediria a extinção de baratas e ratos.
Além de tudo são absolutamente inúteis.

Estou grávida

Eu tô grávida
Grávida de um beija-flor
Grávida de terra
De um liquidificador
E vou parir
Um terremoto, uma bomba, uma cor
Uma locomotiva a vapor
Um corredor
Eu tô grávida
Esperando um avião
Cada vez mais grávida
Estou grávida de chão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Dar à luz
Eu tô grávida
De uma nota musical
De um automóvel
De uma árvore de Natal
E vou parir
Uma montanha, um cordão umbilical, um
anticoncepcional
Um cartão postal
Eu tô grávida
Esperando um furacão, um fio de cabelo, uma bolha de sabão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Vou dar à luz

(Marina Lima)

Clarice Lispector

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca."

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

"Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária."

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam."

"Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós."

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro."

"Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada"

"Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

13.4.09

Boa semana


Tantas coisas para falar, mas sem tempo para escrever. Agora já é super tarde e só quero desejar uma boa semana a vocês que frequentam esse meu bloguinho experimental-conceitual.
Não comam muito chocolate. Quem ganhou muitos ovinhos e bombons, please, distribua, reparta, divida. Vai fazer bem para o corpo (afinal, são poucos minutos de prazer para uma eternidade de gordurinhas) e para a mente. Podem crer.
Não sei quando, mas eu volto com as minhas reflexões que, aos poucos, vão me mostrando caminhos, direções.
Como acredito na existência de Deus, não posso deixar de admitir que Ele pode mudar o rumo da minha vida a qualquer momento.
Atualmente vivo mesmo nesse impasse, por conta do tal grande problema que já mencionei aqui. Conto muito com Ele para que tudo de ruim tenha ficado no passado e que eu fique bem, com muita saúde e força.
Dito isso, há uma última consideração para anotar aqui (para que a minha memória não me traia).
Se a vida é um carro e a gente senta no banco do carona, a direção fica na mão de outra pessoa ou do acaso.
Ok, é legal viajar distraidamente, olhando a paisagem. Mas de repente você descobre que dormiu, cochilou e o acaso te levou para um lugar que não era o desejado.
Para ser sincera, nunca deixei a direção na mão de outra pessoa, sem que eu estivesse sabendo para onde eu queria ir. Mas entreguei-a muitas vezes ao acaso e isso não é coisa que se faça impunemente e nem muitas vezes. No máximo uma vezinha ou outra, para dar um tom de aventura à vida e provar que nem sempre a Lei de Murphy funciona. Mas só muito de vez em quando.
Se Deus consentir que meu carro ainda ande muito, estarei no volante e pensar nisso me traz muita serenidade.
Boa semana. Paz, saúde, criatividade, esperança, consciência, verdade e amor para todos. Amor, muito amor, porque só ele salva e dá sentido à vida.

12.4.09

Boa Páscoa, Joyeuses Pâques, Happy Easter, Buona Pasqua


Graças ao Dr. Google, segue-se uma pequena lista de votos de boa Páscoa em vários idiomas. Espero que o Doctor esteja certo em tudo.

Joyeuses Pâques, Vesele Vanoce, Schöne Ostern, Felices Pascuas, Buona Pasqua, Sreken Veligden, Happy Easter, Kalo Paska, Fouai Hwo Gie Quai le
Croata: Sretun Uskrs, Glad Påsk, Gelukkig Paasfest, God Påske, Turco: Mutlo (eller Hos) Paskalya, Feliz Páscoa.

6.4.09

Boa semana

Obrigada pelos e-mails, que vou tentar responder sempre. Essa troca tem sido bem legal. Talvez em breve já possa lhes comunicar uma novidade.
Boa semana a todos e até qualquer hora.

5.4.09

Também sinto assim

Alice Ruiz

por favor
não me aperte tanto assim
tenha cuidado, pega leve
olha onde pisa
isso é meu coração
meu ganha-pão
instrumento de trabalho,
meio de vida, profissão
meu arroz com feijão
meu passaporte
para qualquer parte
para qualquer arte
não machuque esse meu coração
preciso dele para me levar a Marte
sem sair do chão
não me aperte
não machuque
tome cuidado
eu vivo disso
poesia, sonhos e outras canções
sem emoção
morro de fome
sinto muito
mas não há nada
que eu possa fazer
sem coração.

Trilha sonora

Uma coisa com a qual não me conformo é a falta de fundo musical na vida da gente.
Queria que a vida imitasse a arte e, como nos filmes, uma linda trilha desse o tom da nossa dor ou alegria.
Um encontro, um reencontro, um adeus. Tudo isso com uma música ao fundo ficaria bem mais triste ou bonito.
Claro que tinha que ser uma coisa limitada aos protagonistas da cena. Imagina a confusão de vários fundos musicais em conjunto!!
Na impossibilidade disso ser real, viajo nas minhas próprias trilhas.

Mentirinha

Entre uma caipirinha e uma lingüicinha alguém lembra uma música que diz: ""ela procurava um príncipe e ele procurava a próxima."
Perguntei: será que vocês (leia-se homens) não estão sempre procurando a próxima?
Resposta: se você quisesse ser a próxima, podia também ser a única. Eu teria amnésia diariamente para querer só você em todos os dias seguintes, por toda a vida.

Conclusão: há mentiras que são até fôfas de se ouvir, mas só aquiesço, simpaticamente, sob o efeito da caipirinha.

“Ainda que seja noite o sol existe" (Maiacovski)

Acontece de a gente ir dormir nublado e acordar ensolarado.
Acontece também de haver mais do que uma noite entre este dormir e este despertar. Às vezes a gente leva muito tempo para se ensolarar de novo, para sentir que a luz voltou e iluminou toda a escuridão que nos habitava.


P.S. Por uma coincidência depois de escrever o pequeno post acima, li um e-mail que recebi e nele vi a frase que usei como título. Incrível essas coisas de sincronicidade. Eu acredito e cada vez mais. Se eu pudesse contar aqui os vários motivos que tenho para acreditar, vocês veriam que tenho razão.


Defintivamente se pode tirar lição de tudo. Cito alguns exemplos, que não têm ligação entre si, mas voltam ao mesmo ponto: tudo pode servir de estímulo para uma boa e sana reflexão.
No mundo todo existe essa febre de Big Brother e as pessoas se dividem entre os que gostam e os que não gostam. Coloco-me no meio, digamos. Não deixaria de fazer nada para ficar em casa assistindo o programa, mas, se vejo, acabo torcendo para alguém.
Aprendizado com o BBB9:
1 - Se julgar é errado, pré-julgar é ainda mais. Pré-julguei preconceituosamente e errei.
2 - Também vi claramente como é fácil a gente se dividir. Não precisa nem de um limite físico. O ser humano é tão capaz e inteligente para algumas coisas e tão estúpido para outras. Incredible.
Questão do julgamento: Pri. Logo de cara parei na primeira imagem, naquela que ela colocou na frente: a mulher corpo. Achei que ela era só aquilo que fazia questão de mostrar e sentenciei: não gosto!!
Ela foi e voltou do paredão e, ao longo das semanas, foi mostrando ser uma mulher inteligente, corajosa, que não se prende a idéias pré-concebidas, não se deixa influenciar por muros existentes ou não (o que é diferente de estabelecer uma “amizade” maior com algumas pessoas), sabe relacionar-se bem (dizendo o que pensa, inclusive) com todos, independente de serem homens ou mulheres. É sexualmente bem resolvida e não esconde isso. Ponto para ela!
O único pecado foi ter dado trela para aquele idiota, cujo nome até esqueci. Ali ela deu uma pisada de bola, mas ninguém é perfeito e existe uma pressão ali dentro que só quem está lá sabe. Não acho que ela estivesse apaixonada, o que seria uma justificativa para ficar meio tolinha. Acho que ela quis formar casalzinho, mas escolheu um cara tão idiota que caiu ligeiramente no meu conceito.
Há dois tipos de idiota: os que a gente custa a ver e os que a gente vê de cara. O da Pri era do segundo tipo e mesmo assim ela deu corda. Ainda bem que o público soberano colocou o mala para fora da casa.
Hoje torço por ela e se a Ana ganhar também vou ficar bem contente. A Francine até é simpática, engraçadinha e não é burrinha como quer fazer parecer, mas é sem noção, então, torço apenas para que caia na real depois que sair dali. Sim, porque se ela tem alguma ilusão com relação ao Maximiza/Minimiza, pelo amor da santa, né?!! Ele é chato, sem carisma, sem graça, sem conteúdo e nem na forma consegue se destacar. Faz caras e bocas. Diz frases supostamente bombásticas e tenta criar aquela onda de intelectual, mas é só fachada.
Fico me perguntando se esse tipo de gente é tão idiota que não percebe que qualquer máscara cai depois de algum tempo. Ninguém consegue enganar todos o tempo todo. Nesses quase 3 meses de casa a máscara dele foi sendo arranhada aqui e ali, foi caindo, caindo e finalmente a cara dele ficou exposta. O que se vê não é nada de interessante (se fosse, não precisaria de máscara).
Eu prefiro mil vezes ser detestada pelo que sou (praticamente impossível, porque sou maravilhosa), do que viver na ilusão de ser amada pelo que tentei fazer as pessoas acreditarem que sou.

A outra coisa que constatei é o quanto nos separamos uns dos outros com facilidade. Basta que se crie um muro imaginário e nos prendemos àquilo para sempre.
Sempre achei uma idiotice essa coisa de patriotismo. Faz algum sentido que algumas pessoas sejam melhores que outras, pelo simples fato de - acaso do destino - terem nascido aqui ou ali?
Na casa esse clima foi criado inicialmente com aquele muro e depois, apesar dele não mais existir fisicamente, as pessoas continuaram a sentir-se do lado de cá ou de lá.
É isso que fazemos na maior parte das vezes. Um comportamento de ovelhinha que pula, ainda que não haja obstáculo, só porque a outra pulou.
Sempre tive um certo menosprezo por pessoas tão facilmente condicionadas. Sei que existem variantes nesse tema, mas vou pulá-las agora. Queria só fazer o registro da minha observação e ver se vocês concordam (ou não..rs).
Desde pequenos somos ensinados a nos separar: idade, sexo, condição social, raça, nacionalidade (e dentro dela há as subdivisões por região, cidade e tal), política, altura, peso, time de futebol, enfim, tudo é pretexto para divisões. Claro que não há, necessariamente, um mal em se escolher um time de futebol. O problema é que algumas pessoas não conseguem simplesmente exaltar o seu time. Precisam esculhambar o outro e até criar situações de violência descontrolada. Estupidez pura e elevada a enésima potência.
Nós, mulheres, desenvolvemos uma rivalidade explícita (a dos homens é mais na encolha e eles são mais solidários, especialmente quando se trata de acobertarem-se uns aos outros), que nos impede até mesmo de avançar social e profissionalmente.
Conclusão: Tudo vale a pena, se a alma não é pequena. Até o Big Brother pode servir de estímulo a análises menos superficiais.
Quando antipatizei com a Priscila, não foi por uma questão feminina de rivalidade, mas sim pelo fato de achar que ela focava só no corpo, como se não tivesse mais nada para mostrar. Para mim isso costuma ser uma demonstração de submissão feminina.
Errei ao julgar.
Em uma semana, numa situação totalmente fora do comum, sob pressão, entre pessoas que ela não conhecia bem, enfim, em pouco tempo e sob stress, ela usou as armas que tinha mais a mão, aquelas que parecem sempre eficazes.
Depois que voltou do paredão e foi se sentindo mais segura – especialmente depois que aquele mala que ficou com ela saiu - foi sendo uma pessoa mais completa, mostrando o seu senso de humor, a cuca fresca, um modo simples e direto de ver as coisas. O corpo continuou à mostra, de um jeitinho un tanto vulgar para o meu gosto, mas já não era uma exposição submissa, ao contrário. Acho que era um fator a mais de segurança. Rendo-me à ela e torço para que vença, mesmo que depois ela vá seguir o caminho natural das ex- BBBs. Se o fizer com inteligência, tirando partido disso, ça va.
Acho muito sacal que as mulheres precisem tirar a roupa para iniciar algumas carreiras, mas enquanto a gente não reconhecer o poder que tem, essa coisa não vai mudar.
E tenho dito.
(Depois volto para falar de uma outra coisa que pensei a partir de dois filmes bem água-com-açúcar).

4.4.09

Feijão Maravilha



Dez entre dez brasileiros preferem feijão
esse sabor bem Brasil
verdadeiro fator de união da família
esse sabor de aventura
famoso Pretão Maravilha
faz mais feliz a mamãe, o papai
o filhinho e a filha

Dez entre dez brasileiros elegem feijão!
Puro, com pão, com arroz
com farinha ou macararrão
macarrão, macarrão!
E nessas horas que esquecem dos seus preconceitos
gritam que esse crioulo
é um velho amigo do peito

Feijão tem gosto de festa
é melhor e mal não faz
ontem, hoje, sempre
feijão, feijão, feijão
o preto que satisfaz!...

30.3.09

Lisbon Revisited (24.06.1926)

Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja –
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas por dentro de todas as hipóteses que eu poderia ver na rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram,

Acordei a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta – até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.

Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do Sul impossível aguardam-me náufrago;
Ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.
...
Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos, todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligadas por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo – Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver