1.5.09

Na intimidade da nossa cama


Normalmente se tem a idéia de que o máximo de intimidade que se pode ter com alguém é o sexo. Talvez até eu mesma já tenha pensado isso em priscas eras.
Na verdade sexo não traduz, necessariamente, alguma intimidade. Pode-se fazer sexo com ou sem intimidade. Isso não tem nada a ver com o nível de sacanagem, de exposição, de fantasia. Diria que intimidade no sexo está ligada à entrega e a gente sabe que esse é um artigo que a gente dá e recebe muito raramente.
Na vida cotidiana há várias "coisinhas" que dão o tom de intimidade. Falando de casais, cada um tem a sua dinâmica e a sua evolução. Alguns passam a vida sem criar realmente uma intimidade. Outros se entendem no olhar e até nos silêncios.

Na minha recente vida de casal, havia uma coisa que eu gostava muito e que me lembrei escrevendo isso.É uma situação "de cama", mas não se trata de sexo.
Eu ouvia as histórias que E lia para mim.
Normalmente prefiro ler a ouvir, pois minha memória e concentração são mais visuais que auditivas, mas adorava me deitar e ouví-lo ler histórias, me explicando o significado de algumas palavras que eu não sabia ou não tinha certeza.
Às vezes eu me deitava no braço dele e, quando fazia frio, ao calor da voz se somava ao do corpo e eu me sentia muito bem.
A idéia inicialmente foi minha e deveria ser o contrário: eu leria lendas e contos do folclore brasileiro. Mas não sei bem como a coisa se inverteu e, na maioria das vezes, era ele quem lia para mim.Ultimamente eu havia começado a ler Machado de Assis.
Gostava imensamente desses momentos, pois eram um espaço que eu acreditava ser muito nosso, que me dava uma sensação de aconchego, de carinho, de intimidade e de segurança. Depois vinha o sono tranquilo, os carinhos matinais, o café da manhã. Enfim, essas coisas que compõem a parte boa da rotina.
Pode parecer uma coisa tolinha, mas para mim é uma doce lembrança. Não sei o que significava para ele. Ou sei?

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