29.6.09

A dor

"O problema não é se dói ou se não dói, é como é que vivo a dor, com que sentido, com que integração, com que compreensão dos outros, avaliando em que medida é que essa dor me ajuda a crescer e a humanizar-me. Porque eu posso estar de óptima saúde e ser um triste no pior dos sentidos".

"É positivo termos tido nas nossas vidas momentos de sofrimento e de perda, porque nos ajudam a crescer, a ser quem somos, a não nos enganarmos, a não passarmos cheques falsos de nós próprios. Quantas vezes nesses momentos é que se abriram os nossos olhos para ver a realidade, não a imaginada por cada um, mas como efectivamente é, com a noção não só do que valemos mas também das oportunidades que temos à mão".

Vasco P. Magalhães

Michael Jackson e a triste herança de seus filhos

Ando sumida, eu sei, mas há motivos e, na maioria das vezes, são alheios à minha vontade.
O assunto do momento é a morte de Michael Jackson. Vendo todas as matérias, só uma coisa me salta aos olhos: a tristeza que deve ter sido a vida dele. Mesmo nas fotos de infância, ela podia ser notada no olhar dele. Penso se o olhar dos filhos dele é ou será assim também.
Uma das inúmeras notas saídas nos últimos dias dá conta da pergunta feita pela mãe de Michael, por telefone,logo após a sua morte. Acho que quem relatou isso foi a babá das crianças, que trabalhava há 17 anos para ele. A mãe queria saber se ele guardava dinheiro em casa. Acho que se isso não explica tudo, pode ajudar a entender aquele ser meio híbrido, que não parecia homem nem mulher, não era negro e nem branco, que falava e (diz-se) se comportava como criança.
Incrível como alguém que - de acordo com o que pensa o nosso mundo - tinha tudo para ser feliz (leia-se, dinheiro, fama, poder), viveu e morreu de um modo tão estranho.
Apesar do grande sucesso individual ter acontecido na década de 80, minhas lembranças mais ternas são de um Michael menino, com uma voz linda e cristalina. Acho que eu nem sabia que ele era um menino naquela época.
Uma pena que ele não tenha conseguido desvencilhar-se de todo o lixo que foi lhe foi despejado em cima e acabou se transformando naquela figura bizarra que a gente se acostumou a ver nos últimos anos. Pena também que tenha escolhido transmitir essa herança meio macabra aos filhos, que agora devem virar peças de uma batalha judicial.
Tudo muito triste.

28.6.09

Bye




Numa tacada só me despeço de dois personagens da minha infância e adolescência.

14.6.09

Crença



Um amigo lembrou-me que no último dia 5 a foto acima fez 20 anos.
Para mim ela continua sendo uma das mais importantes e marcantes da minha vida.
Poderia falar horas sobre tudo o que senti e sinto até hoje ao ver essa cena, mas limito-me apenas a dizer que quando se acredita, não há nada impossível.
Essa imagem é bela, grande e forte. Não se trata de heroísmo, no sentido banal. É um tipo de força da natureza humana que existe em alguns humanos.
O jovem que enfrentou os tanques desapareceu. Não se sabe se foi preso, se está vivo ou se foi morto. Deve haver várias lendas a respeito do seu destino, mas a verdade é que ele eternizou e simbolizou - pelo menos para a minha geração - a força de um ideal, de uma verdade, de uma certeza. A essa capacidade que alguns seres humanos, felizmente, possuem, rendo a minha mais profunda, sincera e agradecida homenagem.

Confio e torço

O retrato de Dorian Gray


Li essa "visão" de Oscar Wild do mito faustiniano da perda da alma em troca dos prazeres mundanos na adolescência, como quase todos. Lembro-me de ter ficado muito impressionada, apesar de, naquele momento, não poder entrar em todas as portas abertas pelo autor em função da minha própria condição de menina. No entanto, senti um certo desconforto naquela leitura, uma inquietação que permaneceu por muito tempo.
A cada um de seus desvios ou maldades Dorian via as transformações de sua imagem no retrato que mantinha escondido. Ninguém sabia, mas ele sim.
Pergunto-me o que levaria alguém a contentar-se com aquela troca?
Que tipo de ilusão/satisfação alguém poderia ter sabendo que tudo o que existe externamente é uma imagem?
Se fosse eu o jovem Dorian assustaria-me menos ter o retrato descoberto por alguém do que simplesmente olhá-lo e reconhecer-me nele.

13.6.09

Coisas

Dia 8 = menos um pedaço + entrega.

A mentira pode ser um vício, uma deformação de caráter ou, melhor dizendo, a mentira é o vício do mentiroso e este é alguém com uma deformação de caráter. Há outras possibilidades também, mas não sou psicóloga e nem psicanalista. Seja como for, não sei me relacionar com ela e tenho a certeza mais absoluta de sempre descobrí-la, mesmo que isso seja puramente acidental e até não desejado.
Tudo o que me tem acontecido me faz desejar ainda mais profundamente a verdade, como uma água clara e transparente em que posso mergulhar, sabendo o que me cerca.
Acho que me movo cada vez mais em direção a mim mesma. Tudo o que sempre fui vai voltando e isso deve significar alguma coisa.

Hoje tive um sonho lindo. Foi um daqueles recorrentes que sempre voltam, com pequenos e diferentes detalhes, mas sustentam-se na sua própria base. Nesses sonhos sou tão linda e tudo o que há em mim é beleza.


Tudo vai se redimensionando e sinto-me como se estivesse indo à escola.

Parece que estou sendo colocada à prova e as reações vão mudando a cada uma delas.

Não sei o que vem pela frente, mas tenho certeza de que será bom. Talvez um bom diferente daquele que eu desejo e espero, mas como aprendi: entrego, confio, aceito e agradeço.