14.6.09

O retrato de Dorian Gray


Li essa "visão" de Oscar Wild do mito faustiniano da perda da alma em troca dos prazeres mundanos na adolescência, como quase todos. Lembro-me de ter ficado muito impressionada, apesar de, naquele momento, não poder entrar em todas as portas abertas pelo autor em função da minha própria condição de menina. No entanto, senti um certo desconforto naquela leitura, uma inquietação que permaneceu por muito tempo.
A cada um de seus desvios ou maldades Dorian via as transformações de sua imagem no retrato que mantinha escondido. Ninguém sabia, mas ele sim.
Pergunto-me o que levaria alguém a contentar-se com aquela troca?
Que tipo de ilusão/satisfação alguém poderia ter sabendo que tudo o que existe externamente é uma imagem?
Se fosse eu o jovem Dorian assustaria-me menos ter o retrato descoberto por alguém do que simplesmente olhá-lo e reconhecer-me nele.

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