16.1.06

(E)ternamente Joaquina

A inutilidade das minhas palavras so' nao é maior que a necessidade de escreve-las aqui.
Voce nao podera' le-las, como nao podia antes, eu sei, mas se eu pudesse pediria desculpas por tudo o que eu nao disse, pelos telefonemas que nao dei, pela minha insensibilidade diante da sua necessidade de carinho, mesmo que a forma de busca-lo fosse, às vezes, sufocante.
Torturo-me com certeza de que ouvir as suas queixas era tao pouco e eu nao fiz.
Me perdoa, minha querida. Eu sei que nunca mais alguém vai ser para mim o que voce é e sera', apesar desse 13 de janeiro de 2006.
Eu nao pensei que fosse me sentir tao mal assim. Nao soube dimensionar suficientemente a sua importancia enquanto havia tempo, ou melhor, saber eu sabia, mas nao demonstrei com as açoes, as mesmas açoes que eu pretendo ter das outras pessoas.
Nao vou ver mais o seu sorriso, entrando em casa sempre com um presente, um doce de coco, um abraço de verdade. A pressa de abrir tudo e mostrar, ou traduzindo, a pressa de dar alegria e receber carinho. O leite condensado em Lisboa, os infaliveis cartoes, o cuidado com a mamae, a proteçao, o panetone da tradiçao, a certeza de que voce estava ali e que tudo ficaria bem.

Me desculpa, por favor. Desculpe-me por ter economizado em palavras e açoes que lhe mostrassem o quanto eu gostava de voce. Nao foi falta de amor ou amizade. Foi so' a minha estupidez. Me perdoa.
Por todo o tempo que eu viver lhe serei grata por tanto amor, tanta generosidade e por essa liçao final.
Nao sei se voce sabia do que estava acontecendo e fez uma escolha. Isso a gente nao vai saber nunca. Prefiro pensar que sim e que foi a escolha certa, aquela que a sua intuiçao ditou.
Quando eu voltar para casa vou lhe encontrar em cada comodo, eu sei. O seu carinho esta' espalhado, derramado pela casa e, mesmo sendo grata, nao lhe dei a alegria de me ouvir dizendo as mesmas coisas que escrevo agora, quando ja nao faz nenhuma diferença.
Eu vou lhe guardar, juro. Nao vou esquecer.
Adeus, até ja', até sempre, nao sei. Nao sei. Se ha algo de eterno em nos, é o amor que a gente consegue plantar em um coraçao. No meu voce plantou e talvez nao tenha colhido como merecia, porque tudo o que eu possa ter feito ou dito a voce, nao tera' sido suficiente. Mas voce vai viver em mim e em nos, até a gente se encontrar de novo em algum lugar, que eu gostaria tanto que existisse.

Até la' fica essa saudade, essa dor no peito, esse nunca mais que nao sai da cabeça. Com o tempo a gente se acalma, eu sei. Agora é a vez dele.
Um beijo, um abraço daqueles que voce sabia dar e o meu muito obrigada por tudo.

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