22.3.09

Felicidade. O que é, o que é?



Outro dia, passeando numa livraria, observei que há uma quantidade imensa de livros ensinando a gente a ser feliz. Se há tantos livros, deve haver muitos leitores.
Como dentro da minha cabecinha há um motor que roda incessantemente, fiquei pensando na grande massa de pessoas infelizes que vão levando a vida, distraindo-se com as compras, com os ilusórios enganos.
Não sei se ser feliz é algo simples ou complexo. Se pensar nas coisas que me fariam feliz, acho que é simples, pois elas e só elas me bastariam. Se pensar no que posso realmente esperar, aí tudo se torna mais complexo.
Primeiramente porque há coisas que pertencem à natureza, à vida, ao destino. Um exemplo: para sentir-me feliz, preciso estar bem de saúde e saber que as pessoas que amo também estão. Isso não depende totalmente de mim e nem mesmo delas, logo, é um fator sobre o qual, para contar, preciso de uma ajuda lá de cima.
Em segundo lugar o que me deixaria feliz é amar e ser amada ao mesmo tempo, pela mesma pessoa. Também este fator entra no universo das coisas sobre as quais não tenho controle. Não posso escolher a quem amar e menos ainda fazer com que esse alguém me ame. Às vezes o coração escolhe bem e outras não. Às vezes somos nós a não conseguir corresponder ao amor de alguém. Nesta espécie de loteria, onde poucos ganham mais de uma vez o primeiro prêmio, quem o tiver conquistado uma única vez já pode se considerar um vencedor.
Até há alguns anos atrás o meu sucesso profissional também fazia parte das coisas que eu colocava na minha lista “para ser feliz”. Hoje penso que isso é importantíssimo sim e não saiu totalmente da lista.
Primeiro porque a sensação de estar produzindo alguma coisa é muito compensadora. Depois porque o mundo em que vivemos é materialista e sem dinheiro quase nada acontece (exceto aquelas duas que citei antes e por isso mesmo são as mais valiosas). Tenho algumas frustrações profissionais. Muito provavelmente cometi erros ao fazer certas escolhas, mas hoje sei que o que eu gostaria realmente de produzir não tem muita relação com o trabalho que sempre fiz.
Quem sabe ainda há tempo para começar um caminho novo?
Dinheiro é importante, claro. A gente pode até se resignar com aquelas frases tipo: “o dinheiro não trás felicidade”. Em parte é verdade, porque há coisas tão essenciais quanto incompráveis. Mas se ele não a trás, com ele a gente manda comprar uma parte dela (a material, ao menos) e tem a tranquilidade de ser independente. Resumindo: o dinheiro é um fator a ser considerado, porque a falta dele trás uma infinidade de problemas. Mas não é ele que nos define felizes ou infelizes.
Às vezes a felicidade está perto de nós e não a vemos. Às vezes parece algo distante ou inatingível. Às vezes a gente só se dá conta dela, quando perde. Às vezes a gente sabe que a tem e joga fora mesmo assim. Às vezes a gente entende que não a tinha. Às vezes luta por ela. Às vezes desiste. Às vezes passa a vida apenas sonhando com ela. Às vezes a vive intensamente.
Há pessoas admiráveis que nascem felizes e seguem assim, não importa o que lhes aconteça, porque para esses privilegiados a felicidade é um estado de espírito constante, um modo sábio de ver a vida.
Há, ao contrário, os que nunca serão felizes, não importa o que lhes aconteça.
No meio dessas variações cria-se o mercado livre para os vendedores de felicidade: há quem venda o céu, a eternidade, a arte de prosperar, o sexo, as fantasias, o carro, o novo modelo de celular, uma imagem e um sem número de coisas (incluindo o chocolate..hehe) que não tapam o imenso buraco das nossas carências.
Ultimamente tenho alternado, com relativa frequência, a sensação de felicidade/não felicidade. Não digo que me sinta infeliz, talvez venha tendo momentos de tristeza, mas acho que isso é diferente de sentir-me infeliz.
Nos últimos meses vivi situações difíceis. Uma em especial me trouxe muito medo, principalmente de perder a minha alegria, de passar por provas duras demais e mesmo de morrer.
Ainda sinto um pouco desse medo. Digamos que tive muita sorte ou Deus quis só me dar um susto, para que eu recolocasse a cabeça no lugar e visse o que realmente é importante na minha vida, o quanto ela pode ser curta e não esquecesse de quem eu sou (ou buscasse descobrir mais sobre mim mesma). Ainda não metabolizei tudo e há momentos em que esse medo volta.
Apesar de não ter nada contra os livros de auto-ajuda, saí da livraria sem nenhum que me ensinasse a ser feliz, mas sigo antenada, esperando que a maturidade, os tropeços, os sustos e o que de positivo essas experiências me deram, sejam aliados preciosos. Eu tenho vocação para ser feliz.
Foto: bemsimples.uol.com.br

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